Mário Soares tem alguma razão quando fala do recrudescimento da violência a partir de 2014 e com este Orçamento de Estado. Não se trata de uma violência generalizada, mas de uma “violência dirigida”. Se eu fizesse parte deste governo, isolava-me em uma torre de marfim.
Mário Soares tem muitos defeitos mas tem uma qualidade: sempre viu um pouco mais ao longe do que o normal. Quem não vê ao longe é o burro João César das Neves, que ainda há pouco tempo afirmou que a “maioria dos reformados finge que é pobre” — o grande burro poderia falar em “alguns”, mas a grande besta preferiu falar na “maioria”.
A ameaça de aumento da violência, de que Mário Soares fala, é real. Posso estar enganado, mas este governo vai ter mau fim: o consulado de Passos Coelho pode resultar numa tragédia.
Sem postos de trabalho e com um desemprego que vai aumentar em 2014; sem apoios do Estado para quem já não tem subsídio de desemprego; com os preços a subir devido a uma inflação induzida das economias mais fortes da União Europeia e do quantitative easing do BCE [Banco Central Europeu]; com os cortes nas pensões dos reformados e nos salários dos trabalhadores que eram, até agora, o único amparo de muita gente desempregada — com tudo isto, Passos Coelho que se cuide, porque arrisca-se a muita coisa.
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