«O Estado é a ideia divina como existe na Terra. (…) O Estado encarna a liberdade racional, que se realiza e reconhece a si mesma em forma objectiva… O Estado é a ideia de Espírito na manifestação externa da Vontade humana e sua liberdade.»
— Hegel (Filosofia da História), alemão e protestante da secção luterana
«O Estado é a realidade da ideia moral — o espírito moral como visível substancial vontade, evidente em si mesma, pensando-se e conhecendo-se e realizando o que conhece tal qual se conhece.»
— Ibidem, Filosofia do Direito
Portanto, a estória do Pedro Arroja, segundo a qual “o Estado forte é coisa de católicos”, e que “os protestantes são mais livres em relação ao Estado”, está mal contada.
A história teria que ser contada de uma outra maneira: teria que se falar de “coisas pensantes”, como por exemplo Locke (que era protestante anglicano), por um lado, e Rousseau (calvinista), Fichte (luterano) e Nietzsche (ateu, filho de um pastor protestante piedoso), por outro lado. E depois, haveria que falar no legado de Hegel em Marx (que era alemão, filho pais de judeus que se converteram ao catolicismo e que acabou numa espécie de ateu mal fundamentado). E há que falar na maçonaria, que injectou o veneno da cultura francesa marcada pelo conceito de “vontade geral” de Rousseau — e do deísta Hegel — na cultura política portuguesa e nas dos países do sul católico em geral.
Talvez faça falta a Pedro Arroja, na sua qualidade de economista, ler a Filosofia do Direito de Hegel; mas também não lhe ficaria mal ler a Filosofia da História do mesmo figurão, que é, aliás, de muito mais fácil leitura.
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