Um presidente da república, ou um qualquer político eleito, representa o povo dessa eleição. Em contraponto, eu, como cidadão, represento-me a mim próprio naquilo que é a minha propriedade privada. Não fui eleito para nenhum cargo oficial do Estado, mas em tudo o que diz respeito à minha propriedade privada, tenho todo o direito de representação. Por exemplo, em minha casa “mando” eu. Certo?
A Helena Damião não pensa assim. Para ela, é tão estranho que um presidente da república decrete o Natal em Novembro, como uma empresa privada anunciar o seu Natal privado no mesmo mês. Repare bem, o leitor:
Um cidadão qualquer, por mais absurdo que isto possa ser, pode decidir que o seu (dele) Natal é em Agosto. Mas isso não significa que o Natal de toda a sociedade seja em Agosto. Uma coisa diferente é um presidente da república decidir que todo o povo deve celebrar o Natal em Novembro, ou, como acontece na Bélgica, em que o Natal foi retirado da escola pública, ou seja, de todas as crianças.
Uma empresa — que tem um ou vários proprietários que são cidadãos — não vincula a sociedade inteira. Mas uma decisão do presidente da república, de certa forma, vincula toda a sociedade. E exactamente porque pessoas como a Helena Damião confundem uma coisa com outra é que temos o Estado a imiscuir-se cada vez mais na tradição e na esfera privada da sociedade.
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