Existe uma certa lógica política que se baseia na seguinte ideia: se uma sondagem de opinião, provavelmente manipulada pelos me®dia, demonstrar que a maioria do povo é contra a Constituição, então segue-se que o Tribunal Constitucional deve fazer vista grossa em relação às medidas inconstitucionais do governo do Pernalonga, e anular de facto o texto constitucional.
É neste contexto ideológico que se interpreta a pressão política do burocrata europeísta Durão Barroso sobre o Tribunal Constitucional. Eu sou a favor dos referendos, mas o que Durão Barroso defende aqui não é um referendo: é, em vez disso, a manipulação da opinião pública.
Eu sou de opinião que se deveria referendar a Constituição; ou melhor: deveria fazer-se um plebiscito sobre uma eventual nova versão da Constituição. Mas não é isso que está implícito nas declarações do burocrata Durão Barroso: o que ele pretende é um golpe-de-estado constitucional a reboque de uma putativa tendência da opinião pública disciplinada através de uma argumentação ad Baculum. Estamos em presença de um populismo negativo.
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