Carlos Fiolhais escreve:
«Mas o “leitmotiv” do meu post foi a impressão em mim deixada por uma criança (com formação religiosa católica?) perante o facto de a neurofisiologia das “coisas” do cérebro lhe terem criado o pânico da denegação da alma.
Se verificar, meu Caro Alfredo Dinis, mesmo em adultos se confunde o pensamento (com base biológica na matéria) com a incorporeidade da alma.»
Para o laureado Nobel, John Eccles, a relação entre o mundo das ideias e o cérebro poderia ser imaginada à semelhança da relação entre o pianista e o piano: embora o pianista precise do piano para tocar, ele pode subsistir sem piano. Dizer que “as ideias não existem sem suporte físico” é a mesma coisa que dizer que um pianista não poderia existir sem piano.
Se há coisa misteriosa para a ciência, é a matéria. A ciência não sabe o que é a matéria. Ainda há pouco tempo surgiu o conceito de “matéria negra”, ou “matéria escura”, que ninguém sabe o que é.
E no entanto vemos gente que se diz “da ciência” a tratar a matéria como se fosse algo destituído de qualquer mistério — como se fosse possível definir matéria da mesma forma que se define, por exemplo, um brócolo.
Um dos grandes paradoxos da modernidade é o fazer de conta que o mistério não existe, como se o mistério deixasse de o ser apenas pela simples recusa de o assumir como tal. O mundo moderno é um mundo “de faz de conta” que nega que faz de conta.
Sem a autoconsciência de que a consciência se pensa, não é possível qualquer conteúdo dessa consciência.
Sem a autoconsciência de que a consciência se pensa, não é possível qualquer conteúdo dessa consciência. Por isso, dizer que “o pensamento tem base biológica na matéria” — para além de a ciência não saber o que é a matéria — é dizer que o cérebro produz os pensamentos da mesma forma que o rim segrega a urina; e, por outro lado, é pretender afirmar que a consciência tem a sua origem nos neurónios.
Para o laureado Nobel, John Eccles, a relação entre o mundo das ideias e o cérebro poderia ser imaginada à semelhança da relação entre o pianista e o piano: embora o pianista precise do piano para tocar, ele pode subsistir sem piano. Dizer que “as ideias não existem sem suporte físico” é a mesma coisa que dizer que um pianista não poderia existir sem piano.
Em outros termos: para que piano sem não o for para um pianista?
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Comentar por Ebrael Shaddai — Quarta-feira, 25 Setembro 2013 @ 12:43 pm |