perspectivas

Segunda-feira, 19 Agosto 2013

Queres ser inteligente? Faz-te ateu!

Basta uma pessoa dizer que professa o ateísmo para se tornar automaticamente mais inteligente, como se se tratasse de um upgrade de um software da Microsoft. O upgrade tem resultados imediatos: uma pessoa afirma o seguinte: “a partir de agora não sou religioso!” E PUM! Perlimpimpim! Torna-se imediatamente mais inteligente…!

A coisa é simples e funciona assim: estabeleço a priori um critério de “inteligência”, e quem não satisfizer esse critério é burro.

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Republicanos inteligentes medindo a cabeça de um jesuíta burro

Dou um exemplo de um critério possível de “inteligência”: “uma pessoa inteligente é vegetariana, tolerante em relação à sodomia, defensora do aborto livre até aos 9 meses de gravidez, tem uma fé religiosa na ciência, e vota no Bloco de Esquerda”. Você enquadra-se neste critério de “inteligência”? Não?! Então você é burro!

Portanto, o critério é político e ideológico. Ou seja, estamos em presença de cientismo.

Por outro lado, como 99% das pessoas ou é religiosa ou segue uma cultura religiosa, e segundo a teoria da probabilidade, é óbvio que encontramos muito mais pessoas com défice de inteligência em uma maioria de 99% do que numa minoria de 1%. Não é preciso escolher muito.

Ou seja – “trocando por miúdos” para que os ateus e o Jornal I possam compreender o que eu quero dizer: mesmo seguindo um determinado critério a priori de “inteligência”, é mais provável encontrar um “burro” em uma maioria cultural de 99% da população, do que em uma minoria cultural de 1% da população. A probabilidade de encontrar um burro entre 1000 pessoas é maior do que encontrar um burro em 10 pessoas.

E se imaginarmos, por absurdo, que 99% das pessoas seriam ateias, então, e segundo esses “estudos”, 99% das pessoas deixaria de ser burra, e passariam todas elas a ser inteligentes! Brilhante! Só no Jornal I é que aprendemos coisas destas… !

A negação de uma crença religiosa é, em si mesma, uma crença. E só um burro ateu – e o Jornal I – não consegue ver isto.

Ora, o que os “estudos” fazem é o seguinte: 1/ estabelecer um critério de “inteligência” que convenha a uma determinada mundividência ideológica e política; 2/ negar a teoria da probabilidade, ou fazer de conta que ela não existe. Isto é ciência, estúpido!

[ficheiro pdf da burrice do Jornal I]

6 comentários »

  1. Significado de Crença –> http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=cren%u00e7a
    Não ter religião ou não acreditar em deus não é uma crença, ou então tudo é crença, eu não acredito no pai natal nem que existe um bule que orbita na nossa galáxia (russell’s teapot), é a minha crença, não. Uma crença é crer em algo sem que seja necessário recorrer a provas concretas da sua veracidade. Quanto ao estudo que o i fala, é interessante mas inútil como muito do que esses e outros jornais fazem.

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    Comentar por ricrib — Segunda-feira, 19 Agosto 2013 @ 4:18 pm | Responder

    • Você precisa comprar um dicionário de filosofia para que possa verificar a diferença entre uma definição nominal, por um lado, e uma definição real, por outro. Mas enquanto você não compra um dicionário de filosofia, aqui vai uma dica:

      http://sofos.wikidot.com/crenca

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      Comentar por O. Braga — Segunda-feira, 19 Agosto 2013 @ 9:52 pm | Responder

    • “Uma crença é crer em algo sem que seja necessário recorrer a provas concretas da sua veracidade.”

      Você há-de provar, sem recurso a testemunhas, que você existe. E se você conseguir provar, sem recurso à intersubjectividade, de que o mundo exterior a você existe mesmo, então você é Deus,

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      Comentar por O. Braga — Segunda-feira, 19 Agosto 2013 @ 9:58 pm | Responder

    • Aqui vai mais uma dica:

      http://sofos.wikidot.com/prova

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      Comentar por O. Braga — Segunda-feira, 19 Agosto 2013 @ 10:02 pm | Responder

  2. Tenho algumas coisas a acrescentar à minha, noto agora, leviana argumentação e às suas respostas, agradeço os links, vi também o seu recente post, gostei bastante, penso que percebi onde queria chegar, contudo quero fazer-me explicar melhor, e aprender também a explicar-me melhor visto que no seu post “O saber e a prova: a verdadeira Idade das Trevas é hoje” encontro demasiadas linhas de pensamento não diferentes dos meus dúbios raciocínios sobre o assunto e também de algumas coisas que já li.
    Dessa forma gostava de saber se para continuar esta conversa poderei usar o espectivas@gmail.com. Peço desculpa se o anterior comentário soou arrogante não é a minha forma comum de estar.

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    Comentar por ricrib — Terça-feira, 20 Agosto 2013 @ 6:36 pm | Responder


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