O maniqueísmo político, que divide a sociedade em grupos bons e outros maus, é uma herança do marxismo que é utilizada inconscientemente mesmo por aqueles que dizem combater o marxismo , como é o caso de uma certa Direita actual.
Ainda no século XIX, antes de Karl Marx recolocar o maniqueísmo gnóstico da Antiguidade Tardia na agenda política e apesar do radicalismo jacobino da revolução francesa, nas discussões políticas era normal não haver nem santos nem pecadores, e tão somente pontos de vista diferentes. Não existiam negações ontológicas dos adversários políticos, nem se pensava que por causa da diferença de opinião o adversário deveria deixar de existir.
Hoje, os nossos adversários políticos são sempre “sujinhos sujinhos”, seja à esquerda ou à direita. Nós somos sempre os bons e os outros são sempre os maus e independentemente do valor das ideias em discussão: Marcuse chamou a isso “tolerância repressiva” e o seu conceito já tomou conta de uma certa direita.
Eu não sei quem está a “usar os alunos como reféns”: se os professores fazendo greve aos exames, se o governo anunciando despedimentos de professores em vésperas de exames. Se esta greve dos professores é “sujinha, sujinha”, este governo é “porquinho, porquinho”. Os sindicatos estão à altura moral deste governo imoral.
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