Miguel Cadilhe disse ontem, num programa de televisão, que é preciso vender o ouro do Banco de Portugal para fazer as reformas do Estado. Isto significaria o abandono definitivo da possibilidade de um dia Portugal voltar a ter uma moeda nacional, porque uma moeda nacional sem algum suporte em ouro — por mais que os keynesianos digam que não — não é minimamente credível.
Ou seja, parece-me que (à excepção de alguns economistas de nomeada, mas de esquerda), os economistas de “direita” vêem com bons olhos a eliminação radical de qualquer possibilidade de um dia Portugal poder vir a ter uma moeda nacional.
Não passaria pela cabeça de François Hollande, por exemplo, vender o ouro nacional francês para pagar a dívida de França; ou pela cabeça de Rajoy vender o ouro nacional espanhol para pagar a dívida de Espanha; etc., etc.. Mas pela cabeça das nossas elites já lhes passa a venda do ouro do Banco de Portugal, porque o que se pretende não é apenas pagar dívidas: o que realmente se pretende é criar as condições de eliminação radical de qualquer possibilidade de Portugal abandonar o Euro, mesmo que isso signifique a extinção de Portugal como país e até como nação.
As elites portuguesas estão vendidas a interesses estrangeiros. E se elas são de “direita”, então eu não sou.
Adenda:
Há que negociar com os credores, em vez de desatar a vender o ouro.
O que essa gente não quer é exactamente negociar com os credores. E porquê? Porque “negociar com os credores”, para a elite, é sinónimo de “afrontar os credores”. Os credores não podem ser afrontados com qualquer tentativa de negociação da dívida.
O crédito é sempre necessário, em maior ou menor grau. O que não é necessário é a submissão canina aos credores. E a nossa elite é uma canzoada vendida a donos estrangeiros.
A simples expressão “reforma de Estado” já me causa arrepios! João Goulart, em 1964, ao tecer conversações com URSS e China, clamava ao povo brasileiro a mesma coisa: apoio às “Reformas de Base”. Vieram os militares e nos livraram do comunismo.
Ouvir tal expressão novamente me soa quase apocalíptico. Reforma, nesse caso, significa soterrar a bandeira e impermeabilizar o solo da Razão!
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Comentar por Ebrael Shaddai — Quinta-feira, 16 Maio 2013 @ 1:43 pm |