Acabei de “estudar” o livro de autoria da portuguesa Sofia Reimão, com o título “A Questão da Medicina e a Morte como Questão, em Hans-Georg Gadamer”. (*)
Sofia Reimão é daqueles casos raros em que se consegue conciliar, numa pessoa, as “ciências da natureza” e as “ciências do espírito”, depois de Dilthey: ela médica e simultaneamente licenciada em filosofia.
O livro é daqueles que podemos encontrar “escondido” numa livraria (foi o que me aconteceu), num lugar recôndito de uma estante remota, à espera de ser descoberto. Provavelmente, em vez de estar arrumado nas prateleiras da área de filosofia, estará nas estantes da área da ciência — o que o torna ainda mais difícil de encontrar.
O livro é interessante, desde logo, porque nos dá uma síntese do pensamento de Gadamer; portanto, é um livro adequado a quem não tenha tempo de ler a obra de Hans-Georg Gadamer. Mas é impossível fazer aqui (num blogue) um resumo do livro, mas apenas fazer abordagens parciais e temáticas relacionadas como o tema principal: a questão da morte, em filosofia (ética). Essas abordagens parciais ao livro serão feitas eventualmente aqui sob a categoria de “Gadamer”. Depois, o livro é actual, porque se situa no centro do debate sobre a eutanásia, por exemplo.
Assim como Freud, através da psicanálise, foi um caso freudiano, assim Gadamer, através da hermenêutica, foi um caso gadameriano. Mas ao contrário de outros filósofos do século XX — como, por exemplo, Heidegger, de quem Gadamer herdou, infelizmente, uma certa terminologia esotérica, como por exemplo, o “Dasein” cujo significado é “oculto” —, Gadamer foi um indivíduo honesto.
Gadamer é importante não só por aquilo que ele quis dizer (o sentido dado por ele), mas essencial e principalmente pela instrumentalização daquilo que ele quis dizer (o sentido dado por nós, hoje) — ou seja, é mais importante, para o nosso tempo actual, fazer a hermenêutica da hermenêutica de Gadamer, e aplicá-la aos problemas da desconstrução da linguagem, da tradição e da cultura antropológica que está a ser levada a cabo actualmente pelo politicamente correcto.
A longo do tempo, se Deus quiser, farei menção do livro em verbetes dedicados ao tema da eutanásia.
(*) Edição da Universidade Católica Editora, 2010.
[…] a obtenção do horizonte correcto para as questões que se apresentam perante a tradição.» — excerto do livro de que falei aqui, da autoria de Sofia Reimão, página […]
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Pingback por Gadamer e a tradição « perspectivas — Quarta-feira, 6 Fevereiro 2013 @ 6:33 am |