Por exemplo, se convém à política e a determinadas ideologias políticas, a propalação de uma crença escatológica e secularista, então os dados estatísticos e científicos são manipulados — como aconteceu recentemente em Inglaterra — no sentido de demonstrar a validade da escatologia (ou de outra teoria política qualquer), milenarista mas secularista, do aquecimento global. No caso do milenarismo escatológico do aquecimento global, e de forma semelhante ao milenarismo clássico, a escatologia é imanente. Estamos em presença de uma religião política.
A ciência positivista começou por transformar a ciência na própria política (religião política imanente). Mais tarde, filósofos como por exemplo Eric Voegelin e Karl Popper demonstraram o absurdo do Positivismo entendido como uma religião política. Hoje, assistimos a um fenómeno novo, que consiste na manipulação directa, por parte das religiões políticas imanentes, do próprio Positivismo.
O supracitado torna-se evidente na discussão que existe no blogue Rerum Natura acerca do reconhecimento ou não, por parte do Estado, da homeopatia. Por exemplo, David Marçal segue o senso-comum e o bom-senso que distingue o objectivo, do subjectivo — o que não significa que o objectivo tenha que ofuscar o subjectivo, como defende o Positivismo. E, por outro lado, temos a expressão deste novo cientismo em Desidério Murcho, em que o subjectivo se impõe ao objectivo segundo o desiderato de determinadas religiões políticas liberais gnósticas que radicalizam o conceito de autonomia do indivíduo.
AVISO: os comentários escritos segundo o AO serão corrigidos para português.