A definição que dei, no postal anterior [que diz respeito a esta pergunta], do “princípio de incerteza de Heisenberg” é politicamente correcta, ou seja, não corresponde exactamente à realidade. é uma definição destinada a não chocar o senso-comum.
Na verdade, do que se trata não é da “impossibilidade de determinar simultaneamente a posição e a velocidade das partículas”, mas antes que as partículas/ondas [ou seja, Ψ, ou função onda/partícula] não possuem estas duas características — a posição e a velocidade — simultaneamente, ou seja, as partículas/ondas nunca têm estas duas características ao mesmo tempo. Repare-se bem: não têm!
Na realidade, as partículas ou tem posição, ou têm velocidade, e nunca as duas coisas ao mesmo tempo. E aqui entramos no absurdo.
O absurdo é aparente e só para quem vê o universo segundo a visão da física clássica: naturalista, como um sistema fechado, e reduzido à matéria [a tudo o que tem massa]. Basta que concebamos a onda quântica como desprovida de massa — mais ou menos, dependendo dos casos; podendo até ser totalmente desprovida de massa, pelo menos em tese — para que o conceito de “complementaridade” onda/partícula deixe de ser absurdo.
Mas antes de mais, vejamos este vídeo:
Podemos retirar algumas conclusões rápidas.
- Uma partícula subatómica — e mesmo um átomo! — pode assumir a forma de partícula [matéria, porque tem massa], ou de onda [com mais ou menos massa, e em tese, sem nenhuma massa], e não as duas formas em simultâneo.
- Quando os electrões saem disparados da pistola, “viajam” em modo de onda, excepto se forem “observados” por um dispositivo de medição: neste caso, ocorre o “colapso da onda quântica”, ou seja, o electrão-onda [sem massa] “transforma-se” em electrão-partícula [com massa].
- A noção de trajectória da física clássica “dá com os burros na água”. De facto, se observarmos as interferências das ondas, não podemos saber qual foi o seu percurso entre a pistola e o ecrã, e nem mesmo dizer por qual das fendas as ondas passaram. Nada nos garante que possamos calcular algo para além da pura probabilidade que a onda se manifeste, em forma de partícula, neste ou naquele ponto do ecrã.
É aqui que o determinismo começa a ruir…mas isto é apenas uma amostra.
[continua]
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