Este postal é interessante e vou interligá-lo com estoutro.
1.
Hans Albert colocou o problema desta maneira: “Não é possível garantir absolutamente a verdade de qualquer afirmação, nem sequer a verdade desta afirmação.”
O conceito de “hipótese” (ou “teoria”) só tem sentido racional e lógico se existe uma realidade que comprova a hipótese como sendo correcta ou falsa. Por isso, se nada no mundo é absolutamente certo — ou se não existe uma certeza absoluta acerca do que seja — pelo menos a Totalidade (ou o Englobante), da qual a minha vida e o meu mundo fazem parte, tem que ser real. A realidade da Totalidade garante a realidade da parte [e a Totalidade não é idêntica a uma parte de si própria], por um lado, e a realidade só pode ser deduzida da Totalidade [que não pode ser sujeito nem objecto, mas aquilo que engloba ambos], por outro lado.
Em consequência, a realidade da Totalidade é o pressuposto fundamental de uma visão realista do mundo: temos, pelo menos, uma certeza absoluta (passo a redundância enfatizante): a de que a Totalidade existe e não é só uma hipótese.
2.
«Tudo o que se torna um objecto para mim… envolve-nos, de algum modo, num horizonte do nosso conhecimento. No entanto, vamos para onde formos, o horizonte vai connosco.» — Karl Jaspers (“Von Der Wahrheit”)
A partir do momento em que começamos a reflectir sobre coisas que não servem para a nossa sobrevivência imediata, o nosso cérebro depara-se com dificuldades — ou em linguagem popular: o nosso cérebro começa a “dar TILT”.
Portanto, há que encontrar um critério de meio-termo ou a “justa medida” entre o pragmatismo (empirismo), por um lado, e o racionalismo, por outro lado, — porque o primeiro explica apenas o domínio do empírico, enquanto que o domínio da investigação que vai para além disso aponta no sentido da metafísica —, e o último também é nocivo quando parte de um delírio interpretativo acerca da realidade [por exemplo, o solipsismo racionalista de Berkeley que é uma espécie de positivismo].
3.
Nós não podemos conhecer — através do racionalismo e do intelecto — a totalidade, mas apenas conseguimos experimentar a totalidade. Se nós quisermos conhecer [intelectualmente] a totalidade, temos que nos colocar perante ela — delimitando-a; e, neste caso, ela deixa de ser a totalidade; e na medida em que nós fazemos parte dela, não nos podemos colocar perante ela. Paradoxalmente, é através da nossa experiência [através do nosso empirismo individual, personalizado e subjectivo] que “conhecemos” a totalidade, e não através do racionalismo.
Portanto, o que está errado no pragmatismo ou no empirismo, é o “realismo ingénuo” [a “teoria da cuba do espírito”, de Karl Popper], por um lado, o positivismo como doutrina, por outro lado — e não propriamente a experiência [entendida individual e/ou colectivamente].
4.
Na física clássica, as propriedades e o comportamento das partes determinam o comportamento da totalidade (o que é absurdo!), enquanto que na física das partículas passa-se exactamente o contrário: é a totalidade que determina o comportamento das partes — embora a Totalidade não seja idêntica a uma parte de si própria, e a Totalidade seja mais do que a simples soma das partes (holismo).
O TOE [ou “Theory of Everything”] resulta do facto de, na física atómica, as fórmulas matemáticas tornarem acessível um domínio que aponta para além das nossas categorias naturais de pensamento. A procura do TOE é claramente o abandono, por parte da ciência, dos limites naturais e estreitos do nosso aparelho de concepção do mundo — é o abandono do empirismo, do realismo ingénuo e da “teoria da cuba do espírito” de Karl Popper — que apenas pode explicar o domínio do empírico.
E por isto é que o Prof. Carlos Fiolhais não tem razão, porque mesmo que ele parta do princípio (princípio duvidoso, porque ele não pode provar a sua asserção) segundo o qual não é possível “uma só teoria que dê conta de tudo”, isso não significa que não exista um limite objectivo para o conhecimento empírico positivista — ou seja: não é objectivamente possível meter o universo inteiro no seu (dele) laboratório da universidade de Coimbra (talvez seja mais fácil meter o Rossio na Rua da Betesga).
[…] O universo não cabe num laboratório (via perspectivas) Publicado em agosto 2, 2011 por Carlos Vendramini Este postal é interessante e vou interligá-lo com estoutro. 1. Hans Albert colocou o problema desta maneira: “Não é possível garantir absolutamente a verdade de qualquer afirmação, nem sequer a verdade desta afirmação.” O conceito de “hipótese” (ou “teoria”) só tem sentido racional e lógico se existe uma realidade que comprova a hipótese como sendo correcta ou falsa. Por isso, se nada no mundo é absolutamente certo — ou se não existe uma certeza … Read More […]
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Pingback por O universo não cabe num laboratório (via perspectivas) | O Devir Que Não Vem — Terça-feira, 2 Agosto 2011 @ 7:23 am |
Orlando Braga disse: «na física de partículas….é a totalidade que determina o comportamento das partes…».
Mas lá está, manifesta-se a “totalidade” da mesma forma no mundo sub-atómico e no mundo atómico? Não. Claramente não, aliás tal conceito de “totalidade” na física de partículas não pode simplesmente existir, como muito bem o referiu o Orlando Braga, ao dizer que a totalidade é algo mais do que a simples soma das partes. A totalidade é um supra-estado que está nos antípodas daquilo que podemos compreender.
É a partir daqui que entra em cena o “empirismo clássico”, na minha opinião, como muleta expiatória da ignorância do homem científico e filósofo em relação ao mundo sub-atómico. Para além da escala de Planck, outro mundo existe, é a suprema vibração…outra abordagem se torna necessária e muitos são já os físicos de partículas que começam a compreender o que se está aqui a passar. Transpor os limites auto-impostos à humanidade será a grande aventura filosófica do século XXI, quando a física de partículas começar a revelar toda a sua beleza, simetria, estrutura, ordem e mente. Caro Orlando Braga, o próximo salto evolutivo da humanidade acontecerá quando o filósofo vislumbrar a ordem invisível que está por detrás da existência da ordem visível. A redução mecanicista e o materialismo dialético afastaram o homem de Deus e tornaram-no numa engrenagem que serve interesses muito minoritários mas poderosíssimos. A grande civilização democrática está em vias de se tornar, mais rápido do que se admitia até agora, numa dulocracia, o pior do pior das democracias, o reino da besta.
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Comentar por Filipe Crisóstomo — Terça-feira, 2 Agosto 2011 @ 2:33 pm |
@Skedsen
1.
Física das partículas ou física quântica é a mesma coisa. Eu falei em física das partículas porque o prof. Fiolhais se referiu nesses termos à física quântica.
2.
Na física quântica (ou na física de partículas), o conceito de holismo é basilar, ou seja, a ideia de que a totalidade é mais do que a simples somas das partes. Segundo o holismo, a totalidade é mais do que a soma das partes, o que não significa, porém, que a totalidade não exista por isso.
3.
Um átomo é tanto uma partícula como, por exemplo, um electrão. Um átomo, ou um conjunto átomos, pode “viajar” pelo universo em forma de onda.
4.
Podemos não compreender a totalidade (podemos não conhecer o seu conteúdo), mas podemos descrever a sua forma. Uma coisa não é incompatível com a outra.
5.
Uma das coisas de que falei neste postal é o perigo do racionalismo (o racionalismo da imaginação imaginativa e do delírio interpretativo), em oposição ao perigo do empirismo. São dois perigos. A História está cheia de exemplos de teorias racionalistas que levaram o Homem à catástrofe. Por isso falei em critérios de “justa medida”.
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Comentar por O. Braga — Terça-feira, 2 Agosto 2011 @ 3:35 pm |
Orlando: eu não quis dizer que a totalidade não existe. Ela existe, mas de uma forma que ultrapassa a nossa compreensão. E é claro que, embora seja impossível (até ao momento) compreender a totalidade, conseguimos prever e descrever a sua forma. O investigador de partículas sabe muito bem que as partículas (mais correctamente ondas) têm um comportamento que nada tem a ver com o padrão do mundo atómico, sabe-o e compreende-o, e como tal já se apercebeu, pelo menos os mais sérios, que tanto o empirismo como o racionalismo imaginativo são um obstáculo profundo para o começo da compreensão do mundo quântico.
Quanto a história estar cheia de exemplos de teorias racionalistas que levaram o homem à catástrofe, lembrei-me deste exemplo que penso poder ser enquadrado nessa categoria, o caso da liberdade, igualdade e prosperidade para todos do mundo ocidental. De uma teoria em parte racionalista, chegamos ao extremo do niilismo contemporâneo, o oposto mais imprevisível de todos que poderia calhar ao racionalismo.
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Comentar por Filipe Crisóstomo — Terça-feira, 2 Agosto 2011 @ 4:01 pm |
@ Skedsen
Nestas coisas não há nada como clarificar as ideias, até por causa de terceiros.
Eu não estou a perceber bem a noção que o Skedsen tem de “mundo atómico”. O “mundo atómico” não é a mesma coisa que o “mundo das moléculas”. O átomo é a charneira entre o microcosmos e o macroscosmos, mas não deixa de pertencer à realidade das partículas. Um átomo de hidrogénio, por exemplo, ou um conjunto de átomos, pode assumir a forma de onda quântica, tal e qual como um fotão.
Portanto, o que estamos a fazer aqui e a agora, é clarificar conceitos; esta clarificação é necessária para que saibamos todos do que estamos a falar.
O macrocosmos, que é o mundo sujeito ao determinismo [relativo] das leis da física, é o produto da entropia da acção da Força da Gravidade em relação à acção da outra grande força da natureza: a Força Quântica. O que caracteriza o macrocosmos é a força da gravidade; o que caracteriza o microcosmos é a força quântica. Mas estes dois “mundos” [macro e micro] não estão separados nem podem ser vistos separadamente.
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Comentar por O. Braga — Terça-feira, 2 Agosto 2011 @ 4:33 pm |
Eu percebo que, segundo o Skedsen, “mundo atómico” = macrocosmos.
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Comentar por O. Braga — Terça-feira, 2 Agosto 2011 @ 4:45 pm |
Exactamente, não deveria utilizar esse termo, mundo atómico, mas sim macrocosmos ou física clássica.
A questão da não separabilidade dessas duas forças é muito subtil, é mais do que separabilidade, servindo o átomo como “marco físico” entre o mundo quântico (espiritual) e o mundo; vou chamar-lhe físico-clássico (material). Toda a informação está no átomo, e a forma como essa informação está disposta dentro do próprio átomo é a única forma de o homem científico saber algo mais sobre o assunto, altamente transcendental.
Para além do spin de cada partícula, existe outra propriedade, o isospin, que é de modo muito aproximado o quociente entre o número de quarks up e downs dos núcleos atómicos, e essa relação não é o que seria de esperar, o que muito simplesmente vem complicar ainda mais o tratamento desta não separabilidade. Para além disso, as partículas virtuais (virtuais porque elas são em rigor mais ondas do que partículas) da física quântica não estão sujeitas à causalidade do mundo físico-clássico. O que quer dizer que o tratamento do mundo quântico não pode ser efectuado à luz de qualquer empirismo científico nem de qualquer racionalismo imaginário, moderado ou extremo, nem tão-pouco pela razão humana da matéria bruta. A própria questão da força da gravidade ser ainda muito pouco entendida não permitiu ainda conseguir detectar a sua hipotética partícula, o seu bosão de gauge, o gravitão, que segundo os modelos matemáticos tem um spin de 2. O electrão tem spin 1, os quarks têm spins fraccionários.
A conversa continua.
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Comentar por Filipe Crisóstomo — Terça-feira, 2 Agosto 2011 @ 6:37 pm |
Voltamos a tentar clarificar uma situação: eu penso que o microcosmos, ou “mundo quântico” como você lhe chama, não é mais “espiritual” que o macrocosmos, essencialmente porque o espírito (ou consciência) é transcendental, e não é imanente.
Eu não queria ser desmancha-prazeres, mas não me posso calar só para agradar.
Que se diga que o espírito (transcendental) actua na matéria (macrocosmos) através do microcosmos (“mundo quântico”), é uma coisa; que se diga que o “mundo quântico” é espiritual, é outra coisa totalmente diferente.
Sinceramente, eu acho que é preciso ter cuidado com estas abordagens “religiosas” de tipo New Wave ligadas à quântica. Uma coisa é a metafísica; outra coisa é uma determinada religião: as duas coisas não coincidem necessariamente.
Uma das características do gnosticismo — que tantos estragos fez à Humanidade e que está na origem do próprio positivismo — foi exactamente a tentativa de ver Deus numa “realidade escondida” que só seria atingível através do conhecimento.
O microcosmos é uma realidade imanente, e não-transcendente à matéria. Nesse sentido, o “mundo quântico” faz parte do universo que não é, em si mesmo, exclusivamente material (no sentido de matéria como tendo massa). A ideia de que o universo é composto exclusivamente por matéria deve ser definitivamente posta de parte. Mas o universo não é Deus, nem podemos dizer que a realidade da transcendência (espiritual) é o “mundo quântico” ou microcosmos.
A totalidade não é só o universo: é o Englobante que compreende o próprio universo. Isto leva-nos a um problema mais complexo que é o problema do espírito ou da consciência, mas que tem tanto a ver (numa relação idêntica e equidistante) com o microcosmo como com o macrocosmo.
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Comentar por O. Braga — Terça-feira, 2 Agosto 2011 @ 7:28 pm |
Aceito as suas rectificações. Mas quero que compreenda que não é nada fácil falar de física quântica, é um mundo muito estranho para os nossos padrões. Eu utilizo a palavra “espiritual” à falta de outra melhor para definir o conceito.Temos um problema com a linguagem humana que não tem termos suficientes para classificar as coisas, e por isso, se calhar de modo errado, utilizo a palavra espiritual.
Concordo quando diz que o microcosmos não é a realidade da transcendência, mas essa mesma transcendência faz parte dos processos do microcosmos e não dos processos macrocósmicos, por exemplo. Deus não é o universo, mas o universo está contido em Deus, assim como todas as outras coisas. A física quântica pode constituir uma ponte entre a ciência (macrocósmica) e o mundo espiritual (microcósmico), pois segundo a física quântica, é possível reduzir a matéria de forma subjectiva e abstracta até à consciência- causa da “intelectualidade” da matéria. A consciência transforma as possibilidades da matéria em realidade, transformando as possibilidades quânticas em factos reais. Esta consciência apresenta uma unidade e transcende os conceitos de espaço, tempo e matéria.
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Comentar por Filipe Crisóstomo — Quarta-feira, 3 Agosto 2011 @ 9:53 am |
O problema que se coloca é que aquilo que escrevemos aqui, é público…
Se nós concebermos o universo como um Todo, toda a concepção que separa a realidade do universo em macro e micro (por exemplo, a da física clássica) deixa de fazer sentido.
Esta é uma afirmação panenteísta sobre a qual tenho muitas dúvidas. Mas aqui já estamos a falar de teologia, e não apenas de metafísica… enfim, vamos então…
Eu penso que Deus mantém o universo a cada segundo cósmico, mas Deus não faz parte do universo no sentido de conter o universo; Deus está presente no universo em cada acontecimento porque sem que Deus “observasse” constantemente o universo, o universo material (ou seja: as partículas com massa) desapareceria no olvido — mas isto não significa que a essência do universo esteja contida em Deus.
O problema é que se parte sempre do princípio de que a ciência só pode anti-metafísica, o que é um erro, porque a ciência tem a sua raiz na metafísica. Convém sempre separar a metafísica da religião: a metafísica faz parte da filosofia, e a religião não: é a teologia que se ocupa da religião. E, mais uma vez, não aceito a noção segundo a qual a realidade da complementaridade onda/partícula tenha mais a ver com o “mundo espiritual” do que a matéria surgida pela acção da força da gravidade.
Eu tenho uma estante só com livros sobre física quântica, mas não estou a perceber o que o Skedsen quer aqui dizer. Provavelmente até podemos estar de acordo, mas não estou a perceber a sua linguagem.
A física quântica está hoje divida em várias tendências, a saber:
Se existe uma acção da matéria sobre o espírito (por exemplo, uma pancada violenta na cabeça pode modificar a maneira de pensar da dita cabeça…) — e segundo o princípio segundo o qual não existe acção sem reacção —, o espírito também tem acção sobre a matéria — esta é a “tendência” de Wigner que eu considero a mais consistente.
O espírito humano seria, então — e segundo Wigner, D’Espagnat, entre muitos outros —, uma entidade à parte, obedecendo a leis específicas, e diferentes das que regem a matéria não pensante.
O que o Skedsen está a querer dizer parece ser uma “nova tendência”, porque mistura o espírito com a matéria quando escreve o seguinte: “consciência — causa da ‘intelectualidade’ da matéria”. Naturalmente que esta interpretação não é, na minha opinião, minimamente aceitável.
Eu diria, em vez disso, o seguinte:
“A consciência permite que meras possibilidades se materializem em acontecimentos do macrocosmo.”
É neste sentido que se pode dizer que a Consciência Absoluta permite que o universo, como um conjunto vasto e complexo de acontecimentos, se torne possível através da Sua [constante] observação.
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Comentar por O. Braga — Quarta-feira, 3 Agosto 2011 @ 12:17 pm |
Caro Orlando Braga: Se concebermos o universo como um todo, a fronteira entre a física quântica e a física clássica fecha-se definitivamente. A partir da escala de Planck a nossa física não funciona, deixa de fazer sentido. O facto do universo estar contido em Deus, e segundo eu penso, não quer dizer literalmente isso, mas antes que existe um universo porque existe Deus. A teoria do universo inflacionário (antes do big bang) é um exemplo de que Deus e o universo não são a mesma entidade.
O problema do anti-metafísico e do cepticismo está há muito associado quer à metafísica quer à física quântica, e tendo em conta que a raíz do pensamento científico contemporâneo se cristalizou ao seu radicalismo máximo, todas as novas descobertas da física quântica vieram pôr em causa a visão da física clássica. O modelo mecanicista começava a ruir.
A complementaridade onda/partícula é uma coisa muito estranha e difícil de imaginar, mas não digo que a formação de matéria através da acção da força da gravidade, só que sabemos ainda muito pouco sobre a força da gravidade. Sobre a frase em que eu dizia que se podia reduzir a matéria de forma subjectiva e abstracta.., esqueça, é uma figura de estilo, uma divagação minha sem significado concreto. Eu de maneira nenhuma quero misturar o espírito e a matéria, se eu o faço, é porque talvez me esteja a explicar mal, mas só existe matéria porque existe espírito e não o contrário.
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Comentar por Filipe Crisóstomo — Sexta-feira, 5 Agosto 2011 @ 10:30 am |
Cometi uma gralha, onde está, “mas não digo que a formação de matéria através da força de gravidade” deve ler-se de seguida, “também não o seja.
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Comentar por Filipe Crisóstomo — Sexta-feira, 5 Agosto 2011 @ 10:37 am |
Em primeiro lugar, vamos definir “metafísica”.
Por exemplo, os princípios da lógica são imateriais e, portanto, são objecto da metafísica.
A metafísica, assim definida, faz parte da filosofia.
A abordagem deste postal é metafísica, no sentido da definição supracitada (porque há outros conceitos de metafísica).
Quando o Skedsen fala em “Deus”, desvia-se da metafísica e entra na teologia. Porém, a abordagem deste postal não é teológica, mas é metafísica. Se quiséssemos entrar por uma abordagem teológica, teríamos que abordar também outras teologias: a judaica, a hindu, a budista (que não admite Deus), a islâmica, etc. — e não só a cristã.
Eu não quero com isto dizer que não concorde consigo. O que eu quero dizer é que este postal tem uma abordagem metafísica. A metafísica é o único instrumento que pode quebrar as pernas ao positivismo. Fale-se em Deus a um positivista, e é como mostrar uma cruz cristã a um vampiro judeu.
Deus é um mistério, e não um enigma. Um enigma pode ser resolvido. O mistério de Deus é racionalmente insolúvel na nossa condição. Não podemos conhecer Deus através do racionalismo. Quando utilizamos a metafísica, apenas fazemos notar as limitações do cientismo, e é isso que é importante: o Homem não é nem nunca será Deus.
Muitas das teorias acerca de Deus que nos chegam desde a Idade Média, estão erradas. Muitos progressistas actuais criticam a Idade Média, mas se conhecessem a história das ideias medievais, mudariam de opinião. Por exemplo, um Lorenzo de Valla nada deve a Richard Dawkins, e um Marsílio de Pádua faria as delicias de um ateu moderno. Do ponto de vista cristão, poucas teorias sobre Deus estão correctas e coerentes com a doutrina de Jesus Cristo, para além de Santo Agostinho, Santo Anselmo e de S. Tomás de Aquino (e pouco mais).
Naturalmente que os próprios físicos quânticos, como é o caso do céptico Roland Omnès, admite a existência de um “abismo” (The Abyss), para além do qual a lógica matemática não penetra, mas que reconhece a existência. Se nós vemos um horizonte, sabemos que existe algo para além dele. Ora, aquilo que está para além do horizonte, e onde a lógica matemática não pode chegar mas que reconhece que existe, é o “abismo” de Roland Omnès.
Portanto, é óbvio que a realidade de Deus é um facto. Mas é um mistério, e não um enigma.
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Comentar por O. Braga — Sexta-feira, 5 Agosto 2011 @ 11:51 am |