Quando discutimos com ateus temos que falar em ciência, porque é a única linguagem que eles entendem, e é através da ciência que os argumentos neo-ateístas e neodarwinistas são reduzidos ao absurdo.
Reparem neste artigo, que é de 2008 :
Eu já me tinha referido a este assunto aqui. Sob o ponto de vista da teoria quântica, a experiência da universidade de Genebra (Suíça) não é novidade: apenas corroborou o que a teoria previra. Aliás, o próprio Einstein escreveu: “não deveria depender da nossa escolha quais as quantidades que são observáveis, mas essas quantidades deveriam ser dadas e indicadas pela teoria.” O que se passa na ciência contemporânea, é que as quantidades observáveis são escolhidas e ditadas pelo “novo clero” de ratos de laboratório engajados na política correcta.
Porém, este tipo de notícias não passa nos telejornais nem são discutidas nas televisões. A política correcta tem feito um perfeito trabalho de bloqueio informativo.
As consequências para a filosofia, decorrentes da eliminação da velocidade da luz como a velocidade máxima do universo, são enormes. Os ateus passam a estar encostados à parede. Toda a concepção neo-ateísta baseia-se num universo estável e antigo, limitado pela velocidade da luz e pela ideia einsteiniana do universo, exactamente porque a esmagadora maioria (senão todos) dos neo-ateístas não são físicos, mas são biólogos — daí que Hawking tenha sentido a necessidade de vir a terreiro e escrever um livro com o principal propósito de afirmar que “Deus não existe”, perante a gargalhada geral da comunidade dos físicos.
Desde logo, deixa de fazer sentido falar em “sequências temporais” (ou, como se diz aqui, em “medir o tempo”, a não ser para as nossas coisas práticas da vida quotidiana). O método de construção das sequências temporais teve início antes da materialização da matéria (passo a redundância útil), uma vez que a Função Ondulatória Quântica é a própria fase de pré-matéria. A partir daqui, os neo-ateístas e neodarwinistas começam a sentir dificuldades.
Embora a Função Ondulatória Quântica (ou “função da onda quântica”) tenha sido teórica e matematicamente calculada com rigorosa exactidão, na realidade ela é nada — ou seja, não é matéria. As ondas quânticas podem não só deslocar-se a velocidades muitíssimo superiores à da velocidade da luz (como podemos ver na notícia da experiência efectuada na Suíça), como podem até permanecer totalmente “fora do espaço-tempo” do universo.
Porém, este “fora do espaço-tempo do universo” da onda quântica não é uma dimensão transcendente, mas é imanente; existe ainda uma conexão próxima com o espaço-tempo, ainda que funcional (as “ondas de probabilidades”). A transcendência engloba a matéria do espaço-tempo e a não-matéria do fora-espaço-tempo, e está ainda holisticamente para além delas — naquilo que os físicos teóricos chamam de “Além-espaço-tempo” ou, segundo a terminologia do físico francês Roland Omnès, “o imperscrutável abismo”.
(Parte II)
A relação entre neo-ateístas e biólogos é curiosa e até arrisco a dizer “histórica”.
Não sei precisar quantos marxistas culturais também eram biólogos, mas já vi vários nomes. Simone de Beauvoir que se utilizava do materialismo dialético, ao escrever a bíblia feminista, “O segundo sexo”, ela inicia com argumentos biologistas fazendo referências e analogias com os animais.
Particularmente acredito que essa tendência tem relação com uma paranóia mecanicista comum a quem descobre algum tipo de “sistema”.
Eu mesmo quando jovem, iniciando a carreira de desenvolvedor de softwares, achava que o mundo era feito por algoritmos e havia um tipo de mecanização por trás de tudo. Por coincidência na época eu lia astronomia por hobby, o que reforçava a tendência.
Não é incomum também encontrar biólogos que por não entenderem nada de computadores, terminam por acreditar que é possível realizar a inteligência artificial de forma a substituir a humana.
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Comentar por shâmtia ayômide — Segunda-feira, 14 Março 2011 @ 11:21 pm |
Certo.
O biólogo não tem uma visão holística da realidade, enquanto que o físico se aproxima dessa visão holística. Um físico propriamente dito tem que ser também um filósofo.
No caso de Stephen Hawking, é um caso excepcional marcado pela revolta da sua condição decorrente de uma doença terrível.
Os computadores não têm nem nunca terão um contacto com a realidade concreta e objectiva. Uma das condições para o contacto com a realidade é a emoção que, para além das causas biológicas, decorre da experiência humana (objectiva e subjectiva), que um computador não tem nem nunca terá.
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Comentar por O. Braga — Terça-feira, 15 Março 2011 @ 5:49 am |
[…] (Parte I) […]
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Pingback por O neo-ateísmo e a quântica (II) « perspectivas — Terça-feira, 15 Março 2011 @ 1:49 pm |