Pensar, filosoficamente

«Pensar, filosoficamente, é procurar a verdade de tudo quanto existe, na ordem do ser e do conhecer, à luz dos primeiros princípios e dos últimos fins.

Mais simplesmente: pensar metafisicamente é subir do particular ao geral, do acidental ao substancial, do plano das existências ao das essências. É o primado da razão sobre a sensibilidade, do discurso ôntico sobre o natural, o descritivo ou o literário.»

(Mestre Antero Simões, “O Deus e os Homens de Leonardo Coimbra”, pág. 75)

---

Esta definição do pensar filosófico, e portanto da própria filosofia, é quase perfeita; e é quase porque a perfeição não pertence aqui.

O pensar metafisicamente coincide, em parte, com o pensar cientificamente: neste caso, o pensar é também subir do particular ao geral; a lei científica não faz outra coisa. A ciência, conforme é comummente entendida, tem as suas raízes na metafísica.

A filosofia existe em função dos primeiros princípios e dos últimos fins. Não só os princípios, mas também os fins.

O pensar filosoficamente não é apenas um mero discurso descritivo ou literário; não é também e apenas um discurso naturalista. Ou seja, o pensar filosoficamente não inclui, em si mesmo, uma grande parte daquilo a que no século XIX e XX se convencionou chamar de filosofia.