No seu livro “Fundamentação da Metafísica dos Costumes”, Kant manifestou a sua (dele) vontade de explicar a moralidade de uma forma exclusivamente “racionalizada” (ou seja, no sentido da “razão” entendida estrita e exclusivamente como um conceito antropocêntrico e, portanto, sem Deus), e, para conseguir realizar esse seu desejo, começou, em primeiro lugar, por separar (divorciar) a vontade humana, da razão humana.
Num primeiro momento, Kant diz:
E num segundo momento, Kant diz:
Para Kant, o ditado popular segundo o qual “de boas intenções, está o inferno cheio”, não tem nenhum valor. Kant sentiu necessidade de separar as acções humanas, das suas consequências, para assim poder excluir Deus da ética e da moral. O relativismo moral que prevalece hoje na nossa sociedade é produto e reminiscência das ideias de Kant.
Em todo o movimento iluminista, há algo de intrinsecamente errado, que consiste, sumariamente, em uma racionalização absurda (ver, como exemplo caricatural do absurdo da racionalização iluminista, a imagem à esquerda); a racionalização é de tal forma levada ao extremo, que o próprio absurdo se transforma num dos factores positivamente validados pela problemática iluminista. No meio do enorme esforço de eliminação da transcendência metafísica/religiosa através de uma racionalização obsessiva, o próprio absurdo tornou-se em um dos termos e uma função da equação iluminista.
Durante o século XX, a humanidade pagou bem caro o absurdo iluminista (ainda hoje se faz sentir o holocausto silencioso do aborto); e continuará a pagar o preço do absurdo, enquanto a maioria não compreender os contornos da armadilha racionalizada em que foi enredada.
Seu racioncinio desvirtua o pensamento de Kant. Há uma diferença, em Kant, entre desejo e vontade. Desejos são irracionais e vontades são criados pela razão. A boa vontade é moral e é ela quem deve conduzir as ações éticas. O holocausto foi desejo e não vontade racionalizada, e mesmo que fosse não poderia ser universal. Para ser universal ela precisa passar por uma máxima universal, ou seja, genocidas e vítimas teriam de concordar, o que não ocorre.
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Comentar por Arthur Meucci — Sexta-feira, 19 Outubro 2012 @ 3:15 pm |
Você fez aí uma “mistura de grelos”: grande confusão vai na sua cabeça!
¿Que obras de Kant você já leu? Ou melhor, e utilizando a falácia da interrogação: “¿você algum dia irá, porventura, ler qualquer coisa escrita por Kant?”
Aqui não falei em “desejo”: em vez disso, falei em “vontade”, por um lado, e “razão”, por outro lado.
O “desejo” não foi para aqui chamado. Aliás, em Kant, o “desejo” tem muito pouca importância, ou mesmo quase nada importante. Você deve estar a confundir Kant com Hume.
O que existe, em Kant, é uma diferença entre “instinto”, por um lado, e “razão”, por outro lado. Mas “instinto” não é a mesma coisa que “desejo”. Você precisa de mais prática antes de escrever aqui.
O “instinto” é inato e inconsciente, enquanto que o “desejo” é consciente e culturalmente adquirido. Uma pessoa que deseja, tem a consciência que deseja: e essa consciência foi adquirida por aculturação. Em contraponto, o instinto é inconsciente, inato e puramente animal.
O holocausto não foi “desejo”, ¡ coisa nenhuma! Se alguma vez existiu um morticínio metódico e racionalmente planeado, foi o holocausto nazi.
E, finalmente: se você não conhece sequer o imperativo categórico de Kant, ¿por que é que vem aqui fazer-me perder tempo?!
O que aconteceu é que os genocidas seguiram o imperativo categórico; e as vítimas não tiveram remédio senão concordar.
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Comentar por O. Braga — Sexta-feira, 19 Outubro 2012 @ 4:16 pm |