O discurso anti-medieval é auto-contraditório.
Por um lado, critica-se, tout cours, a acção do Homem na História e, mais grave, analisa-se a história medieval à luz da situação contemporânea (falácia lógica de Parménides).
Por outro lado — e ao mesmo tempo que se critica a acção do Homem na História — adopta-se o princípio epicurista de retirar (de uma forma exclusivista) as conclusões teóricas, da prática, ou seja, a teoria é vista apenas e só como uma ilação da praxis.
Estas duas posições acima referidas, quando assumidas simultaneamente, são contraditórias: eu não devo criticar a acção do Homem na História ao mesmo tempo que retiro — de uma forma exclusivista — da acção do Homem a teoria que me move. A primeira situação (criticar a acção do Homem na História) pressupõe uma teoria prévia à acção e a liberdade da análise teórica; a segunda situação (retirar, de uma forma exclusivista, as conclusões teóricas, da prática) impõe a ditadura da acção (a ditadura da praxis) sobre a teoria.
Nota: quem critica — de uma forma irracional e presentista — a Idade Média, deseja instalar hoje uma Idade Me®dia.
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