O avô do socialismo, o filósofo utilitarista Jeremy Bentham, imaginou em finais do século XVIII uma prisão que seria vigiada e controlada a partir de qualquer lugar e a todo o momento. Bentham chamou a esse conceito de vigilância permanente de “pan-óptica” (do inglês panopticon).

A prisão pan-óptica
Não vai muito tempo, a ex-militante do partido maoísta radical, MRPP, e hoje simpatizante do partido socialista, a magistrada Maria José Morgado, defendeu publicamente a construção estatal de bases de dados de ADN, que podem incluir e acumular ad Aeternum arquivos de dados de pessoas inocentes — uma vez que o elementos dos processos judiciais que incluem dados de ADN de simples testemunhas não podem ser destruídos sem comprometer justeza e coerência dos próprios processos.
A recente decisão do partido socialista — acolitada pelo silêncio comprometedor do partido social-democrata (PSD) nesta matéria — de ordenar a colocação de um chip electrónico em cada chapa de matrícula dos automóveis dos portugueses, sob pretexto de cobrar portagens nas vias rápidas (vulgo SCUT’s), insere-se na longa tradição socialista desde Bentham: criar o “Estado Panóptico”, através do qual toda a sociedade será considerada como uma prisão controlável de qualquer ponto e a todo o momento.
Na minha opinião, a solução natural para o problema da cobrança das portagens nas SCUT’s seria a aquisição voluntária, por parte do automobilista, de um dispositivo de tipo Via Verde de cobrança electrónica. Em vez disso, o governo socialista — com a preciosa ajuda do PSD — impõe, por exemplo, ao cidadão de Trás-os-Montes a colocação de um chip na matrícula do seu carro, sabendo que esse mesmo cidadão provavelmente poucas vezes passará numa SCUT com portagem.
É claro que não se trata de cobrança de portagens; a estratégia socialista — com a concordância óbvia do PSD — é a de fazer um primeiro ensaio para a aceitação do cidadão português em relação ao conceito de Estado Biométrico, na esteira do conceito da “prisão pan-óptica” de Jeremy Bentham. A partir do momento em que os portugueses aceitem o controlo electrónico sistemático, por parte do Estado e das respectivas forças policiais, dos seus movimentos nas estradas do País, estarão asseguradas e de certa forma legitimadas novas formas de controlo biométrico e fisiológico que tendem a retirar ao cidadão a sua privacidade.
Desde já comprometo-me solenemente a não colocar o chip na matrícula do meu carro. Nem que vá preso. E até agradeço que me prendam por esse motivo. E não pagarei quaisquer coimas ou multas em resultado da não-colocação do chip. E se todos os portugueses fizerem como eu, mandaremos os herdeiros ideológicos de Bentham para a “pata que os pôs”!
Pois eu também não coloco nenhum chip! Era só o que faltava!
GostarGostar
Comentar por Henrique — Terça-feira, 27 Abril 2010 @ 10:28 pm |
Aqui no Brasil alguns carros jah vem de fábrica com um chip de rastreamento………o governo usa o mesmo tipo de desculpa esfarrapada………..!!!!
GostarGostar
Comentar por Vallone — Quinta-feira, 29 Abril 2010 @ 10:26 pm |