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Como escreve o João César das Neves, não há mesmo almoços grátis. »
― Zita Seabra, no JN de hoje
A ironia de Zita Seabra diz tudo, mas ela não pode ser mais explícita não só por uma questão de polidez, mas também porque um dia destes o JN censura-lhe a coluna dominical. Ora, como eu, de “polido” não tenho nada, aqui vai.
O primeiro-ministro de Portugal trata o Estado como uma quinta sua ou propriedade privada. Organiza-se um almoço em que o protagonismo não pertence de facto aos membros femininos do governo, mas antes a quem se convida, aparentemente, para compor o ramalhete das “12 à mesa”. E o Estado paga. Qualquer dia, Sócrates cria ― com o apoio do bloco de esquerda ― uma nova alínea no Orçamento de Estado para a elite política: o subsídio de coito. Se não for para ele, que seja para a “irmandade misógina”; os amigos são para as ocasiões.
O feminismo (decorrente da teoria do discurso) é muito útil para convencer as mulheres de que os homens as respeitam ― um respeito formal (politicamente correcto) e não necessariamente intrínseco. E como escreveu Helena Matos, quando as mulheres “não se comportam com o recato e a simpatia discreta que a irmandade misógina do discurso igualitário lhes exige”, ― e a partir daqui já sou eu a falar ― tornam-se mais difíceis de ser “comidas de cebolada”.
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