
Eis que surge há quatro anos a primeira candidatura de Manuel Alegre à presidência da república, que traduziu uma clivagem interna do partido socialista. Manuel Alegre perdeu, mas lança agora a segunda candidatura que já não é só uma manifestação de uma clivagem interna no partido socialista, mas é antes um ataque ao PS organizado a partir do exterior. As palmas e o apoio imediato dos marxistas/trotskistas do bloco de esquerda não deixam dúvidas a ninguém.
Manuel Alegre, que tinha sido juntamente com Mário Soares, um dos protagonistas contra a implantação da ditadura do proletariado em Portugal, contra as lobotomias ideológicas das clínicas psiquiátricas da ordem Apparatschik, contra o Gulag e contra a condição de Zek, adoptou agora, já depois de entrado em idade estóica, a bandeira dos herdeiros do marxismo/leninismo/trotskismo.
Manuel Alegre quer agora convencer os portugueses que as ideias não têm consequências, e que o passado recente não voltará a assombrar as suas vidas; quer persuadir os portugueses que as “engenharias sociais em curso” promovidas pela esquerda neomarxista/trotskista/estalinista/leninista ― através da manipulação dos me®dia por jornaleiros de plantão ―, por via da estimulação político-ideológica contraditória que torna absurda a realidade objectiva e concreta do cidadão, e por via da dissonância cognitiva que reduz ao absurdo o senso-comum popular ― como o do “casamento” gay e adopção de crianças por duplas homossexuais, ou a nova versão das noivas de Santo António ―, dizia que quer agora Manuel Alegre persuadir os portugueses que as “engenharias sociais em curso” nada têm a ver com o “processo revolucionário em curso” dos anos 70.
A ironia do destino foi ver Manuel Alegre abraçar a revolução totalitarizante que ele próprio combateu da década de 70; foi ver o poeta-político convencer-se, em idade provecta, de que as ideias de Karl Marx nada têm a ver com o socialismo-nacional da URSS do estalinismo, de Cuba do castrismo, da China maoísta, do Cambodja do polpotismo, do Vietname e da Coreia-do-norte. Manuel Alegre está convencido, depois de velho, que uma coisa não tem nada a ver com outra, e por isso abraça a causa dos herdeiros políticos daqueles que se encarregaram de liquidar mais de 100 milhões de pessoas inocentes no século XX.
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