Os axiomas lógicos fazem parte da Totalidade ao mesmo tempo que estão para além das leis da ciência. Quando dizemos que “nenhum facto pode ser verdadeiro ou real ou nenhum juízo pode ser correcto sem uma razão suficiente”, o empirismo não tem lugar aqui. O axioma é anterior ao mundo e ao Homem. Quando dizemos que “um triângulo soma 180º nos seus ângulos”, esta ideia já era válida no tempo em que a vida na terra estava reduzida às amebas. A verdade destes axiomas é intemporal, e a razão criada pela evolução das espécies apenas participa dessa verdade intemporal.
Portanto, a ideia ― que a política contemporânea incute na nossa juventude, através de uma educação enviesada e deturpada ― segundo a qual a Totalidade se resume às leis da natureza, para além de ser manifestamente incorrecta, é uma das principais causas de algum desnorte cultural da nossa juventude que denuncia uma crise de valores. As pessoas procuram um sentido para a vida e tentam encontrá-lo em religiões substitutivas, como a naturalista, que apreendem apenas uma parte da Totalidade.
A ideia de que a vida tem um sentido em si mesma obedece a um estatuto lógico de um peido. Quando alguém come fartamente e com prazer e mais tarde vai ao WC completar o ciclo do carbono, a lógica do sentir-se bem e satisfeito com a comida obedece à mesma lógica do peido: qualquer animal doméstico subscreveria esta ideia da “vida com um sentido em si mesma”. Portanto, a educação que temos nas nossas escolas e universidades, e os valores culturais que a nossa elite política veicula (salvo excepções), tendem a animalizar o homem do futuro e a imbuir a sua vida com a autoridade da lógica do peido.
Embora a nossa razão não tenha a possibilidade de compreender a Totalidade porque aquela se baseia na divisão sujeito-objecto enquanto esta, como totalidade, é por definição isenta dessa divisão, esse facto não significa que renunciemos a uma afirmação formal da Totalidade, uma vez que a afirmação de conteúdo em relação à Totalidade é impossível através dos métodos da razão. E sendo o ser humano, a humanidade, o planeta e o sistema solar, etc, partes da Totalidade, a vida humana só faz sentido através de uma dupla demanda: na procura do significado formal dessa Totalidade através da filosofia, e na procura do conteúdo da Totalidade através da religião.
Adenda: ocorreu-me escrever este postal na sequência deste comentário.
É mesmo!
«A ideia de que a vida tem um sentido em si mesma obedece a um estatuto lógico de um peido. Quando alguém come fartamente e com prazer e mais tarde vai ao WC completar o ciclo do carbono, a lógica do sentir-se bem e satisfeito com a comida obedece à mesma lógica do peido: qualquer animal doméstico subscreveria esta ideia da “vida com um sentido em si mesma”. Portanto, a educação que temos nas nossas escolas e universidades, e os valores culturais que a nossa elite política veicula (salvo excepções), tendem a animalizar o homem do futuro e a imbuir a sua vida com a autoridade da lógica do peido.»
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Comentar por Henrique — Domingo, 28 Junho 2009 @ 12:47 am |
[…] problema da Europa está na educação. Pela primeira vez, na História, as nossas crianças e jovens são educados nas escolas públicas sem uma cosmovisão, é ao Estado maçónico que a sociedade, um dia destes, se Deus quiser, terá que pedir contas (e […]
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Pingback por O suicídio de Robert Enke « perspectivas — Quinta-feira, 12 Novembro 2009 @ 9:04 am |
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[…] escrevi aqui o seguinte […]
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