O patrão português é, por natureza e salvo excepções, um empresário medíocre.
O empresário português (sigla: EP) é medíocre independentemente das suas qualificações académicas; a ideia de que uma qualificação superior permite automaticamente um bom empresário, é falsa. Pelo contrário, conheço empresários que tem uma fraca instrução e que são, apesar de tudo e nas suas funções específicas, melhores do que engenheiros e “doutores”.
Os empresários que temos estão na origem da pouca produtividade do País. Esta é a razão porque um trabalhador português é querido e bem pago no estrangeiro, e em Portugal é acusado nos média de fraca produtividade pelos mesmos empresários que são os co-responsáveis ― juntamente com o Estado ― pela fraca produtividade nacional.
A razão da mediocridade empresarial portuguesa é de origem cultural (eis uma verdade de La Palice). Vou identificar aqui algumas das razões da mediocridade empresarial portuguesa, sem contudo me estender em explicações porque o espaço é curto:
- O EP dá preferência à confiança política dos seus colaboradores (família, amigos, etc.) em detrimento da competência;
- O EP não planeia, ou planeia mal; o desenrascanço é um instrumento de gestão do EP;
- O EP não só não premeia o mérito dos seus colaboradores, como se aproveita dos trabalhadores mais dedicados e sacrifica-os no altar dos seus interesses particulares e imediatistas;
- O EP é sexista; uma mulher, por mais competente que seja, nunca é reconhecida igualmente pelo seu trabalho;
- O EP põe os seus interesses pessoais à frente dos interesses da empresa;
- O EP não tem uma capacidade de isenção no juízo decisório; podemos facilmente avaliar a capacidade de decisão de um EP pela análise da sua “entourage”;
- O EP não valoriza o trabalhador pelos resultados deste, mas pela sua atitude em relação à cadeia hierárquica;
- O EP convive muito mal com a concorrência;
- O EP tem grande dificuldade em instituir uma cultura de empresa (a “mística” da empresa);
- O EP dá muito mais valor à produção do que à logística e às vendas, quando deveria ser o contrário;
Poderia estender aqui o rol do “problema cultural” do empresário português.
A verdade é que ― para além do Estado que padece do mesmo tipo de problema cultural ― o empresariado português está directamente ligado ao défice de desenvolvimento do país. Em paralelo com os cursos patrocinados pela União Europeia para a formação de trabalhadores, deveria ser incentivada a formação contínua de empresários em Portugal.
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