perspectivas

Quinta-feira, 30 Abril 2009

O atraso português é devido a uma crise geral de liderança

Filed under: economia,Portugal — O. Braga @ 7:23 am
Tags: , ,

O patrão português é, por natureza e salvo excepções, um empresário medíocre.

bad-boss

Eu comecei a minha vida profissional em meados da década de 80 e trabalhei por pouco tempo para duas das maiores empresas portuguesas (Salvador Caetano e Campeão Português), e a partir de 1988 nunca mais trabalhei para um patrão português, embora tivesse sempre mantido relações de trabalho e de negócios com patrões portugueses. Portanto, eu tenho razões que a experiência me deu para poder afirmar que a maioria dos patrões portugueses são empresários medíocres.

O empresário português (sigla: EP) é medíocre independentemente das suas qualificações académicas; a ideia de que uma qualificação superior permite automaticamente um bom empresário, é falsa. Pelo contrário, conheço empresários que tem uma fraca instrução e que são, apesar de tudo e nas suas funções específicas, melhores do que engenheiros e “doutores”.

Os empresários que temos estão na origem da pouca produtividade do País. Esta é a razão porque um trabalhador português é querido e bem pago no estrangeiro, e em Portugal é acusado nos média de fraca produtividade pelos mesmos empresários que são os co-responsáveis ― juntamente com o Estado ― pela fraca produtividade nacional.

A razão da mediocridade empresarial portuguesa é de origem cultural (eis uma verdade de La Palice). Vou identificar aqui algumas das razões da mediocridade empresarial portuguesa, sem contudo me estender em explicações porque o espaço é curto:

  • O EP dá preferência à confiança política dos seus colaboradores (família, amigos, etc.) em detrimento da competência;
  • O EP não planeia, ou planeia mal; o desenrascanço é um instrumento de gestão do EP;
  • O EP não só não premeia o mérito dos seus colaboradores, como se aproveita dos trabalhadores mais dedicados e sacrifica-os no altar dos seus interesses particulares e imediatistas;
  • O EP é sexista; uma mulher, por mais competente que seja, nunca é reconhecida igualmente pelo seu trabalho;
  • O EP põe os seus interesses pessoais à frente dos interesses da empresa;
  • O EP não tem uma capacidade de isenção no juízo decisório; podemos facilmente avaliar a capacidade de decisão de um EP pela análise da sua “entourage”;
  • O EP não valoriza o trabalhador pelos resultados deste, mas pela sua atitude em relação à cadeia hierárquica;
  • O EP convive muito mal com a concorrência;
  • O EP tem grande dificuldade em instituir uma cultura de empresa (a “mística” da empresa);
  • O EP dá muito mais valor à produção do que à logística e às vendas, quando deveria ser o contrário;

Poderia estender aqui o rol do “problema cultural” do empresário português.

A verdade é que ― para além do Estado que padece do mesmo tipo de problema cultural ― o empresariado português está directamente ligado ao défice de desenvolvimento do país. Em paralelo com os cursos patrocinados pela União Europeia para a formação de trabalhadores, deveria ser incentivada a formação contínua de empresários em Portugal.

Deixe um Comentário »

Ainda sem comentários.

RSS feed for comments on this post. TrackBack URI

AVISO: os comentários escritos segundo o AO serão corrigidos para português.

Preencha os seus detalhes abaixo ou clique num ícone para iniciar sessão:

Logótipo da WordPress.com

Está a comentar usando a sua conta WordPress.com Terminar Sessão /  Alterar )

Imagem do Twitter

Está a comentar usando a sua conta Twitter Terminar Sessão /  Alterar )

Facebook photo

Está a comentar usando a sua conta Facebook Terminar Sessão /  Alterar )

Connecting to %s

%d bloggers gostam disto: