O problema de Espanha com Inglaterra por causa de Gibraltar encontra um paralelismo com o problema de Espanha com Portugal por causa de Olivença. Ainda hoje, os portugueses que pertencem à comissão mista de delimitação da fronteira luso-espanhola se recusam a marcar a fronteira na zona de Olivença; os controladores portugueses simplesmente “saltam à frente” e retomam o controlo da delimitação fronteiriça mais adiante, depois de passarem pela zona de Olivença, isto é, não existem simplesmente marcos portugueses que delimitem a fronteira com Espanha na zona portuguesa vizinha de Olivença.
Contudo, a posição espanhola tem sido irracional: ao mesmo tempo que reclama Olivença como território espanhol, também reclama Gibraltar dos ingleses, não se dando conta de que as situações são similares, embora o caso de Olivença ainda seja mais grave do que o caso de Gibraltar: os ingleses nunca se comprometeram a entregar Gibraltar a Espanha, ao passo que no Tratado de Viena ratificado pelas potências europeias em 1817, o governo espanhol comprometeu-se solenemente a entregar a praça de Olivença a Portugal, coisa que nunca fez.
Daniel Hannan, político, escritor e jornalista inglês, com vasta obra publicada sobre política europeia, debruçou-se agora, com saber e perspicácia, sobre a Questão de Olivença em artigo no Telegraph, cuja tradução para português pode ser lida aqui (PDF).
If Spain wants Gibraltar, when is it planning to give up Olivença?
caro Orlando
se certa informação que me chegou sobre problemas deste blog for acertada,
deixo um abraço solidário de quem consigo se indigna com tanta porcaria
que noa atasca os passos
abraço
PN
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Comentar por pedronunesnomundo — Segunda-feira, 16 Março 2009 @ 11:55 pm |
É de suma importância destacar o paralelismo entre Gibraltar e Olivença, pois deve ser aproveitada a insistência e incoerência espanhola para os dois casos.
Gibraltar é um dos caminhos para manter viva a questão de Olivença e forma de lembrar a todos o que a Espanha fez contra Portugal.
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Comentar por André Ricardo Cruz Fontes — Terça-feira, 17 Março 2009 @ 6:46 pm |
É realmente engraçado constatar que a Espanha reclama direito a Gibraltar, quando a presença espanhola durou menos tempo que a ocupação islâmica e que ocupação britânica, e em Olivença também a presença portuguesa foi muito mais duradoura do que o tempo que decorreu desde a ocupação espanhola a mando de Napoleão.
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Comentar por Fenéco — Quarta-feira, 18 Março 2009 @ 6:23 pm |
No conozco el caso de Olivenza en detalle. La mayoría de los españoles no saben ni siquiera que existe. Desde luego, por mí, puede volver a la jurisdicción de Portugal. Bien planteado, podría ser un gesto magnánimo. Pero calificar la postura de “irracional” me produce cierta sonrisa. En estas cosas, cualquier persona adulta entiende que la racionalidad es simplemente el interés.
En esto que cuentas, es obvio que Gran Bretaña es juez y parte. Yo aceptaría el trato sin mirar más las cartas: que devuelvan Gibraltar y nos comprometemos a devolver Olivenza. Una población sin ningún valor estratégico (ni de ningún otro, que yo sepa) por el Peñón de Gibraltar. Además, un nido de contrabandistas y un paraíso fiscal.
Pero mucho me temo que el Mister va de farol… así que me buscaría mejores abogados defensores, amigo Orlando.
Los argumentos de #3 son buenísimos, según eso deberíamos entregar media España a los musulmanes.
En fin, si en mi mano estuviera lo entregaría. Con un gesto, eso sí, de indiferencia y sin protocolo. Y Gibraltar lo dejaría como está, no es bueno meter en casa gente que no quiere. Eso sí, cerraría la verja, como hizo Franco.
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Comentar por AMDG — Sexta-feira, 20 Março 2009 @ 8:54 pm |
AMDG:
1.A magnanimidade existe quando não existe a necessidade imposta pelo compromisso. A devolução de Olivença não é uma questão de magnanimidade, mas de cumprimento pelos compromissos assumidos pelo Estado espanhol, que se julga à partida ser uma pessoa de bem.
2.A racionalidade não tem necessariamente nada a ver com utilitarismo (interesse). A partir do momento em que o racional passa a ser exclusivamente o utilitário, deixa se existir a Razão. Exactamente porque a Razão passou a ser sinónimo de Utilitarismo, desde Bentham a Hitler passando por Marx, Lenine e Estaline, é que tivemos as hecatombes irracionais contra a dignidade humana que aconteceram no século XX.
3.Eu não sou a favor da Grã Bretanha no caso de Gibraltar; sou contra os ingleses neste caso, como sou contra os governos espanhóis do caso de Olivença.
4.O compromisso espanhol de devolver Olivença tem dois séculos. Por isso, seria aconselhável que os espanhóis devolvessem Olivença em simultâneo com a devolução de Gibraltar por parte dos ingleses. Quid Pro Quod. O problema que se coloca aqui é que não são só os espanhóis que têm direito à sua integridade territorial.
5.Não existe um paralelo lógico entre a entrega do sul de Espanha aos muçulmanos com a questão de Olivença. No último caso, existe um Tratado de Viena de 1815 que compromete o Estado espanhol; no primeiro caso, o Estado espanhol nunca se comprometeu a nada com o califado islâmico.
6.Enquanto a população de Olivença não quiser mudar, não existirá mudança e tudo fica como está. Mas isto não significa que eu concorde com o etnocídio como estratégia de unificação de um Estado.
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Comentar por O. Braga — Sábado, 21 Março 2009 @ 3:47 pm |
Estimado Orlando:
1.- En efecto, si se trata de cumplir un pacto, creo que no se puede hablar de magnanimidad, pero en la situación actual España puede simplemente no hacerlo, como Inglaterra con Gibraltar. Digamos condescendencia. Tratados firmados hace dos siglos tienen poca fuerza para obligar políticamente, aunque se usen como argumentos diplomáticos para que nadie pierda la cara.
2.- No pensaba en la racionalidad del “racionalismo”, sino de la prudencia política en la que tradicionalmente – Aristóteles, escolástica- se considera que reside la clave del ejercicio de la política. Esta prudencia que aconseja aceptar una molestia, incluso a veces un mal, para evitar males mayores.
3. Me parece bien. Sin embargo, el argumento de este mister está mas que averiado.
4. No sé, una negociación a tres bandas no tiene sentido. Ambos asuntos no tienen relación.
5. Estoy de acuerdo, esta respuesta se la aplicamos al comentario #3.
6. Desde luego, en el caso de Olivenza se trata de un simple cambio de jurisdicción. Muy poca cosa.
Dejando aparte los asuntos formales, la molestia que causa Olivenza a Portugal es simplemente simbólica. La molestia que causa Gibraltar a España es, además, económica, pues se trata de un paraíso fiscal y nido de contrabandistas. Para mí, Gibraltar puede seguir siendo inglés. España debe cerrar la verja y aislarse económicamente de los llanitos para evitar los efectos secundarios de tener un nido paraíso fiscal al lado.
Por cierto:
http://www.timesonline.co.uk/tol/comment/columnists/guest_contributors/article4656255.ece
A return to 1815 is the way forward for Europe
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Comentar por AMDG — Domingo, 22 Março 2009 @ 6:51 pm |
O texto do link só faz sentido para quem defende um governo global, em que alguns Estados são mais globais do que outros. Sobre o Tratado de Viena, das suas causas e consequências, falarei brevemente.
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Comentar por O. Braga — Segunda-feira, 23 Março 2009 @ 4:45 pm |
Yo no lo entendí así, incluso creo que lo que hace es denunciar la politica multilateral guiada por grandes principios frente a la política de interés nacional, en aquel caso imperial.
Desde luego, algunos estados son mas globales que otros. Pensar que todos son igual de soberanos, que toda “nación” o “pueblo” tiene derecho a la autodeterminación lleva a aporías políticas insuperables, y a desastres.
El Congreso de Viena aseguró 100 años de paz al este de Europa. No estuvo mal. Espero leer tu artículo pronto.
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Comentar por AMDG — Domingo, 29 Março 2009 @ 10:02 am |
O multilateralismo significa a tomada de decisão baseada em várias
opiniões, e não necessariamente na audição de Estados. As audições podem
ser, inclusivamente, de personalidades de importância e renome mundial.
O multilateralismo está em oposição ao unilateralismo que se baseia numa
visão fechada, despótica e antidemocrática da sociedade.
A ideia de que alguns estados são mais globais do que outros tem a ver
com a ideia de “mercado”, é uma ideia mercantilista. Portugal, entre os
séculos 15 e 16, era muito mais global do que toda a Europa junta,
incluindo a Espanha que recrutava entre os portugueses os comandantes
das suas frotas marítimas (Fernão de Magalhães, etc.). A quantidade de
população tem um valor mercantilista; não existe uma proporção directa
entre a genialidade e a quantidade de população, isto é, não está
provado que quanto mais gente tenha um Estado, mais probabilidade terá
esse Estado de ser beneficiado pela genialidade dos seus membros.
Portanto, não devemos confundir “quantidade” com “qualidade”.
A soberania é, em termos absolutos, exactamente a mesma coisa para um
Estado com 500 milhões de habitantes como para outro de 10 milhões. A
questão será de saber se nos dois casos o Estado coincide com a Nação,
como é o caso de Portugal. Uma das razões porque não gosto de Hobbes é
pela sua ideia de leviatão, que inclui a União Europeia do Tratado de
Lisboa.
Uma coisa que a Revolução Francesa comprovou é a que não é possível
desenvolvimento sem o Estado-nação. Desde então, todos os esforços dos
leviatões para contrariar a realidade levaram a situações de compromisso
precário que não acabam com as dissensões e com o terrorismo interno.
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Comentar por O. Braga — Domingo, 29 Março 2009 @ 9:00 pm |
Orlando, creo que hablamos desde distintos paradigmas que diría
A lo que llamas multilateralismo yo le llamo autoritarismo. El multilateralismo en mi opinión se refiere a la conducción de la política exterior en el marco de instituciones supranacionales, especialmente la ONU.
El ejemplo que pones sobre la globalización significa para mi lo contrario que para ti, España (la Monarquía Hispánica) era mucho más global precisamente porque para ella trabajaban navegantes portugeses, banqueros genoveses, artistas de toda Italia, landsquenetes suizos…
En política no hay soberanía en términos absolutos. La soberanía llega donde llega el poder de la nación. Materialmente hablando, claro está.
Un saludo
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Comentar por AMDG — Segunda-feira, 30 Março 2009 @ 7:33 pm |
Não existem instituições supra-nacionais; essa é uma linguagem da Nova
Ordem Mundial de que me recuso a aceitar. Existem instituições
internacionais e inter-estatais.
“Soberania em termos absolutos” significa a “definição” de
soberania. Tudo o que existe tem uma definição, incluindo conceito de
“soberania”. Refiro-me à definição de soberania. Não faz sentido existir
uma definição de soberania para a China e outra definição para o Burkina
Fasso.
Sobre a globalização no século 15 e 16, mantenho o que escrevi. Cada um
sabe bem da História do seu país.
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Comentar por O. Braga — Segunda-feira, 30 Março 2009 @ 7:48 pm |
O problema de Olivença não é simbólico! Tampouco é de menor importância. É muito grave e destoa das boas relações travadas com a Espanha. E constitui a maior incoerência da política externa espanhola: retomar Gibraltar sem devolver Olivença! Nem se diga que Gibraltar é um problema fiscal e aduaneiro. A Espanha conhece os problemas do contrabando há muito tempo nas suas fronteiras com Andorra e nem por isso reclamou de questões fiscais, tributárias ou territoriais. A Questão de Olivença é uma obstáculo em qualquer política do Reino da Espanha em rediscutir a possessão britânica sobre a península gibraltina. Nenhuma discussão, nenhum acordo, nenhum tratado deve ser celebrado entre o Reino Unido e o Reino da Espanha sobre Gibraltar sem que se reintegre Olivença ao território português.
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Comentar por André Ricardo Cruz Fontes — Quarta-feira, 16 Dezembro 2009 @ 12:36 am |