Estive ontem a ver um documentário na RTP2 sobre uma cudelaria austríaca que se dedica à criação do cavalo de raça lipizzana, e achei interessante o facto de que os acasalamentos dos animais e todos os potros que nasçam dos cruzamentos entre eles sejam meticulosamente registados, por forma a evitar a consanguinidade no futuro.
Nem de propósito, deparei-me com alguém que pensa que o critério que os responsáveis por todas as cudelarias utilizam com os cavalos, não se deve aplicar ao ser humano, isto é, para este senhor, ou o ser humano é inferior a um cavalo, ou então, no subconsciente desse senhor, o ser humano deveria ser proibido de procriar.
Quando os criadores de animais registam os cruzamentos entre cavalos, nada mais fazem do que fazer o registo dos “casamentos” entre os animais por forma a que se evite a sua consanguinidade. Contudo, este senhor acha que o mesmo tipo de registo (casamento através de registo civil) que evite a consanguinidade em futuras gerações não se deve aplicar ao ser humano.
Para esse senhor, o ser humano é uma besta inferior ao cavalo, na medida em que, para ele, o futuro do cavalo merece mais e melhores preocupações do que o futuro do ser humano.
Desde já me desmarco da opinião desse senhor: se ele se considera abaixo de besta, o problema é dele ― eu não me incluo na sua classificação. Pena é que gente que se considera abaixo de animal intoxique a blogosfera, mas como estamos num país livre ― em que até as bestas abaixo de cavalo têm direito a opinião ―, exige-se cada vez mais dos leitores que tenham um sentido crítico que permita separar o trigo do joio, isto é, destrinçar as “bestas-abaixo-de-cavalo” dos seres humanos.
AVISO: os comentários escritos segundo o AO serão corrigidos para português.