A ideia de que o Homem é “Deus na Terra” é antiquíssima, tão antiga quanto a idade de 150.000 anos atribuída ao Homo Sapiens. As diferenças que sobre-existiram ao longo do tempo não são substanciais, mas antes formais; muda-se a forma com o tempo mas mantém-se a substância. Contudo, a deificação de uma casta de seres humanos nunca foi tão perigosa para a espécie humana como é hoje.
A civilização europeia culminou com a burguesia; é produto de uma súmula utilitarista que se acumulou ao longo de dois milénios ― a utilidade prática do conhecimento para o domínio da matéria. O burguês europeu, ao contrário dos antigos gregos, não se sentia atraído pela contemplação, mas antes pela utilidade prática; quis instalar-se comodamente no mundo, modificando-o a seu bel-prazer.
Enquanto Platão e Aristóteles pensavam os rudimentos que tornaram possíveis a Física moderna, eles tinham ― como a maioria dos gregos ― uma vida difícil, rude e sem conforto. Nesse momento histórico, os chineses que nunca tinham tido um único pensamento científico, que nunca se preocuparam com a contemplação e que nunca desenvolveram uma teoria, todavia já desenvolviam a Técnica, teciam telas esplendorosas, fabricavam objectos de grande utilidade, a tinta, o papel e a pólvora, e construíam muitos artefactos de excepcional conforto. Enquanto que em Atenas se inventava a matemática pura, em Pequim inventava-se o forro da casaca.
Concluímos, pois, que a procura do conforto e do domínio da matéria não são sinónimos de superioridade intelectual e moral. A civilização europeia resume em si essa falsa noção de superioridade utilitarista que caracterizou os chineses antigos, enquanto que a verdadeira superioridade era a dos gregos que se preocupavam com a busca da Verdade, preparando, sem o saberem, o conforto dos burgueses que, mais tarde, se instalaram de mãos-dadas com a Técnica.
Por coincidência, os dois lugares históricos que mais importância deram ao conforto e ao utilitarismo foram os dois últimos séculos do segundo milénio ocidental e a civilização chinesa; entre o burguês avesso a contemplações, e o chinês ― filisteu por natureza ―, teceram-se as afinidades entre os dois lugares no tempo histórico.
Os filisteus europeus ― os burgueses ― surgiram com o Positivismo de Augusto Comte, que foi o filósofo da burguesia. A Técnica passou a reger a Ciência, e não o contrário. Em finais do século XIX, o físico Boltzmann escrevia:
Já antes de Boltzmann, Comte tinha sugerido que a Técnica predominava sobre a Ciência. Segundo este raciocínio, a utilidade não é algo que decorre da procura da Verdade e que faz parte secundária desta, mas toda a Verdade não é outra senão a que está subjacente à utilidade prática. A evolução lógica do Positivismo foi o Pragmatismo que nasceu nos Estados Unidos e que é a mais miserável de todas as teorias jamais pensadas, proclamando que a Verdade não é senão o êxito que resulta do trato com as coisas.
Desta postura europeia, ocidental e burguesa de procura afanosa do conforto utilitarista, resultou o Homem-deus, o darwinismo social, o eugenismo utilitarista. Não terá chegado o momento de aparecerem os “novos gregos”? Quando li o livro “A Caixa Negra de Darwin”, de Michael Behe, compreendi que os “gregos modernos” andam por aí; o espírito grego não se esgotou nem se extinguiu.
O darwinismo é perigoso porque transforma um dado científico circunscrito a uma determinada realidade ligada à micro-evolução, num horrendo dogma que pretende, com um simples passe de mágica, explicar toda a Natureza. Comparado com o darwinismo, o dogma do criacionismo bíblico é um venial conto-de-fadas.
Se juntarmos todas as peças de um puzzle que incorpora o Positivismo burguês, o Pragmatismo utilitarista e o darwinismo dogmático, desembocamos no materialismo, no marxismo que se pretendia assumir como ciência, no nazismo que derivou directamente do darwinismo social, do eugenismo darwinista, e das ideias de Malthus e do seu modelo que preconizava a morte à fome dos pobres e fracos.
Ao contrário do que muita gente pensa, o eugenismo não nasceu na Alemanha nazi mas em Inglaterra e foi impulsionado, em todo o mundo, pelos Estados Unidos. Todos nós sabemos do apoio logístico e ideológico que os nazis receberam dos eugenistas que estavam organizados nos Estados Unidos desde a segunda metade do século XIX e princípio do século XX. Em 1912 realizou-se em Londres uma conferência sobre o eugenismo.
O apoio ao programa eugénico nazi por parte de grandes empresas americanas geridas por gente estreitamente ligada à maçonaria, como Rockefeller, Alexander Graham Bell, Thomas J. Watson (fundador da IBM), Charles Davenport, Carnegie, Harriman, Harry H. Laughlin, é um facto historicamente provado. Mais recentemente, Bill Gates, Buffet, Al Gore, George Soros, etc., têm apoiado com muito dinheiro a promoção do social-darwinismo e do eugenismo em todo o mundo.
Vencido o horror nazi, os social-darwinistas mudaram o nome das suas organizações e passaram a ter um atitude mais discreta, mas não desapareceram. Os agentes de Bilderberg não são mais do que a continuação ideológica do social-darwinismo; o próprio príncipe Bernhard, que foi um dos fundadores do grupo de Bilderberg, foi um oficial de alta patente das SS nazi.
Quando alguém defende que a população portuguesa tem um claro espaço de crescimento, está nitidamente a assumir uma posição contra a súcia de Bilderberg.
Pelo contrário, quando vemos uma força política defender descaradamente o definhamento da população portuguesa, seja através da promoção do aborto livre, seja por fracos apoios estatais à família, seja através da promoção cultural da homossexualidade como sendo um comportamento considerado normal e recomendável, estamos nitidamente perante uma força política comprometida com a maçonaria e com o grupo de Bilderberg. Paradoxalmente, o grande aliado de Bilderberg é o conjunto da Esquerda portuguesa, porque o utilitarismo é uma doutrina antropocêntrica comum à plutocracia maçónica e ao marxismo cultural.
O partido político português que mais está controlado por Bilderberg é o partido socialista de José Sócrates (existem vários “partidos socialistas”) ― e é esta a força política que urge derrotar nas próximas eleições, em nome do futuro de Portugal.
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