perspectivas

Domingo, 20 Julho 2008

A ideia da absoluta necessidade da acção desumana para salvar a Humanidade

Quando os socialistas espanhóis atribuíram os direitos humanos aos símios ― na esteira da filosofia do biólogo bioético Peter Singer ― não o fizeram para salvar as espécies da extinção, porque se fosse esse o caso teriam outras ideias mais práticas e consentâneas com a acção necessária para impedir a extinção do gorila ou do chimpanzé. A ideia socialista (e neoliberal) é tentar mudar a agulha ética e moral do Ocidente, e partir daí, tentar impôr coercivamente a exclusividade uma visão materialista do Ser Humano, não só na Europa como no resto do mundo.

Com o darwinismo, os genes de qualquer animal passaram a ter a suprema importância. No que respeita ao ser humano, os genes passam a ser “sempre diferentes”, e as almas passam a ser “todas iguais”. Criou-se, a partir daí, um novo conceito de “igualdade” no que respeita à ética aplicada ao ser humano entendido como “indivíduo”, ao mesmo tempo que se impõe uma “desigualdade” baseada na genética. Em resultado desta ideia que o darwinismo trouxe consigo, os primeiros evolucionistas eram manifestamente racistas, como faz prova toda a História do materialismo filosófico do século 20, que inclui ideologias como o nacional-socialismo que adoptou claramente o evolucionismo darwinista para defender a ideia da superioridade da raça ariana. Muita gente que se diz “socialista” hoje não faz a ideia de que faz parte de um movimento político e ideológico que herdou o evolucionismo como matriz filosófica e ideológica.

O problema do neodarwinismo é que ainda nenhum evolucionista conseguiu explicar como é que o humor, a matemática, a filosofia e o saber em geral poderão ser produto da evolução natural, quando os nossos antepassados na árvore genealógica da evolução não tinham necessidade de nenhumas dessas capacidades humanas, sendo que, segundo o evolucionismo, é a necessidade que faz a selecção genética e impõe as mutações genéticas.

Por uma questão de coerência e inerência, a ética evolucionista é eugenista e não pode ser de outro modo. Quando um evolucionista se diz “não-racista”, não pode estar a dizer a verdade, ou não sabe o que é. Contudo, o eugenismo não é hoje só característica dos herdeiros da esquerda, mas também dos libertários em geral. Se alguém se diz “libertário” ao mesmo tempo que recusa o eugenismo, ou não é libertário ou não sabe o que é ser eugenista.
Quando vemos activistas homossexuais a defender o evolucionismo compreendemos como é possível manipular ideológica e circunstancialmente alguns grupos minoritários ― sejam étnicos ou culturais ― tendo em vista uma ruptura cultural, ética e moral, que resulte na indiferenciação do ser humano, de tal forma que se possam justificar, no futuro, acções profundamente anti-humanas e totalmente arbitrárias em nome da salvação da Humanidade.

Hoje e para já, o eugenismo assume novas formas: o aborto, selecção do sexo da criança, manipulação genética e eutanásia. Para tentar justificar tudo isto, os neodarwinistas têm a premente necessidade de estabelecer um estatuto de “igualitarismo espiritual” do ser humano, equiparando a alma humana à dos símios (menosprezando as diferenças do ser humano a nível individual) e, em contraponto, fazendo ressaltar a importância das diferenças e semelhanças genéticas, seja entre seres humanos, seja entre o ser humano e os símios.
Quando os socialistas espanhóis atribuiriam os direitos humanos aos macacos quiseram dizer exactamente isso: sendo que, alegadamente e segundo a ética vigente, os macacos não têm uma alma de natureza humana, através da atribuição dos mesmos direitos, a alma humana passa a não ter importância nenhuma ― equaliza-se a alma humana ao nível dos primatas superiores em geral, que alegadamente não a têm; contudo, é a diferença genética que separa o ser humano do símio que é realmente importante e que é, assim, evidenciada. A mensagem é subliminar mas clara.

O perigo desta visão é evidente. Quando alguém defende que um acto desumano em larga escala é justificável para “salvar a humanidade”, todos os actos futuros de desumanidade passam a ser possíveis e eticamente justificados em nome de uma visão materialista do mundo e da vida.

4 comentários »

  1. A salvação da humanidade passa pela redução da emissão de gases de efeito de estufa, o metano e o CO2, por sinal ambos emitidos só por animais, principalmente pelos homens e as suas explorações pecuárias! Os animais é que lixam isto tudo, o homem principalmente (pecado original), Hitler, Stalin e outros sabiam disso e começaram a tarefa que estes hão-de continuar.

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    Comentar por Henrique — Domingo, 20 Julho 2008 @ 1:39 pm | Responder

  2. apenas uma correcção, Peter Singer é filósofo e não biólogo… por outro lado deve ter um grande disturbio de personalidade ou algum critério utilitarista mais mal encaixado, pois basta ler a “Libertação Animal” para perceber que o homem é doente…

    “Hoje e para já, o eugenismo assume novas formas: o aborto, selecção do sexo da criança, manipulação genética e eutanásia.” temas curiosamente defendidos pela esquerda tradicional… quanto ao tema já se sabe que de Espanha nem bom vento nem bom casamento… já não se podem chatear quando lhes chamarmos Macacos…

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    Comentar por caodeguarda — Segunda-feira, 21 Julho 2008 @ 10:54 am | Responder

  3. Peter Singer foi professor de Bioética, e daí a confusão com “biólogo”. Verdade reposta.

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    Comentar por O. Braga — Segunda-feira, 21 Julho 2008 @ 2:39 pm | Responder


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