perspectivas

Terça-feira, 9 Outubro 2007

Astrologicamente falando (2)

Filed under: Política,Religare — O. Braga @ 4:09 pm
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“Fuzilamentos? Sim! Fuzilamos e continuaremos a fuzilar sempre que seja necessário. A nossa luta é uma luta de morte.” – Che Guevara, em discurso nas Nações Unidas a 11 de Dezembro de 1964

Em 1963, a cidade de Argel era uma encruzilhada revolucionária do mundo. Nunca uma cidade africana tinha sido tão importante depois de Cartago. No entanto, o absurdo instalara-se na capital de um país que chorava a morte de um milhão de cidadãos: a uma terra saída da desolação de uma guerra de independência, arribavam os abutres do planeta. Che Guevara foi um dos que por lá viveu durante meses desse ano de 1963 – já em rota de colisão com Fidel Castro – vindo do Congo onde sofreu derrotas militares, umas atrás de outras. Regressado a Cuba a pedido da sua mulher, Che Guevara começou a preparar a expedição à Bolívia, porque o “El Comandante” já não cabia na ilha de Fidel Castro.

Apenas quatro anos antes, Guevara entrara triunfante em Havana, depois de um périplo pela América Latina conduzido pelo acaso, e de tão (aparentemente) aleatório e casual foi esse périplo, que Che parece ter sido conduzido por uma força do destino.

Pergunto-me: o sucesso da revolução cubana teria sido possível sem a colaboração sanguinária de Guevara? Estou plenamente convencido de que, sem Guevara, Fidel Castro não teria chegado ao Poder tão cedo, ou mesmo nunca lá teria chegado.
Existem pessoas marcadas pelo destino, para o bem e para o mal – porque o destino é neutral nesta coisa do positivo e do negativo. Se analisarmos as Cartas Astrais de Hitler e de Mussolini, verificamos surpreendentes semelhanças na disposição concentrada dos astros pessoais por algumas Casas; eu, que tenho apenas umas luzes de Astrologia, assustei-me quando as vi.

Quando um estudante de medicina de um país controlado pela ditadura peronista, que não fazia uma ideia precisa sobre quem foi Karl Marx, oriundo de uma família da classe média argentina, saiu de Buenos Aires para uma viagem de moto na companhia de um amigo, quis impressionar a sua namorada da alta burguesia que vivia numa fazenda a meio caminho entre a capital da Argentina e a fronteira com o Chile. Nada estava planeado senão a aventura da travessia de alguns países da América do Sul. Na Bolívia, separou-se do amigo, que quis voltar à Argentina, e Che continuou a sua viagem turística até à Guatemala. Neste país, Guevara assistiu ao golpe-de-estado que depôs o ditador Jacobo Arbens, tirando fotografias e rindo-se do povo que fugia das bombas. Comentou em carta dirigida à sua namorada, Tita Infante, que tinha deixado na Argentina poucos meses antes: “Se Arbens tivesse fuzilado os seus opositores, ainda hoje estava no Poder”.

Em 1955, Ernesto Guevara tinha acabado de entrar no México, e foi neste país que iniciou a sua odisseia “revolucionária” meteórica até à sua morte 12 anos depois, abandonado pelos seus correligionários. Antes de 1955, Che era já alguém marcado pelo seu Karma e pelo seu Dharma, conforme revelado pelos astros, mas sem consciência da sua natureza.
Aquilo a chamamos de “destino”, ou “fado”, é traduzido pela conjunção dos conceitos budistas e hindus de Karma e Dharma, que na Carta Astral se manifestam pelos Nós Lunares do Sul e do Norte, respectivamente. O Karma é o passado, o nosso registo no Akasha, a nossa herança genética e espiritual. O Dharma é o futuro que nos comprometemos a construir para nós próprios, e em função do qual nascemos a um determinado minuto (tal como nascemos e morremos a cada minuto que passa). Se cumprimos ou não o nosso ideário, se sublimamos ou não o nosso Karma, está ao nosso alcance pelo livre arbítrio; mas a nossa viagem pela vida tinha sido anteriormente planeada por nós próprios, de tal forma que quando Che Guevara se dirigiu para norte sem um itinerário preciso, foi conduzido pelo seu Eu mais profundo, por uma sua força interior que o impelia e controlava o seu Consciente.

Ainda no México, Guevara hesitou em alinhar com a expedição de cubanos que o levaria à Sierra Maestra. Tinha outros planos, conforme confessou em carta escrita à sua mãe em 1957: passear pela Europa e fazer a viagem de Marco Pólo, do velho continente até à China. Mas mais uma vez, cumpriu-se o destino, e Che embarcou para Cuba.

Paradoxalmente, o materialismo dialéctico e o misticismo metafísico estão de acordo numa coisa: o Acaso não existe, nada acontece por Acaso. Quando os marxistas dizem que “não estão criadas as condições” para alguma iniciativa, reconhecem a Lei Metafísica da Causa e Efeito.
Os ideólogos materialistas não fogem à lei cármica revelada pelos astros nos signos, nas casas e nos aspectos que formam entre si o tabuleiro do xadrez astrológico da sua carta natal, e interpretam as leis universais, de que adivinham a existência no seu Eu, aplicadas ao mundo circundante.
Um ideólogo materialista é um místico com uma visão redutora da realidade.

Desde que entrou em Cuba, Che Guevara iniciou uma série de actos de horror. Che tinha aprendido a lição com a deposição do ditador guatemalteco: iniciou uma longuíssima série de fuzilamentos arbitrários (dando ordens pessoais para milhares de execuções), porque no seu mais íntimo ser, ele sabia e sentia que o Horror era a chave do Poder. Os fuzilamentos de Che incomodavam os seus correligionários revolucionários, incluindo (pasme-se!) o próprio Fidel Castro. Até Fidel não tinha estômago para tanto ímpeto sanguinário.

“Devemos utilizar o ódio como factor de luta; o ódio intransigente para com o inimigo, o ódio que impulsiona o ser humano para além das limitações naturais e o converte numa efectiva, violenta, selectiva e fria máquina de matar. Os nossos soldados têm que ser assim: um povo sem ódio não pode triunfar sobre um inimigo brutal.
Há que levar a guerra até onde o inimigo a leve: a sua casa, aos seus lugares de diversão; fazê-la total. Há que impedir que o inimigo tenha um minuto de tranquilidade, um minuto de sossego fora dos seus quartéis, e mesmo dentro deles, atacá-lo onde quer que se encontre; fazer do inimigo uma fera acossada em cada lugar que transite. ”

Este trecho não foi proferido pelo fanático islamista Bin Laden, mas por Che Guevara dirigindo-se à Tricontinental.

O século XX foi o “Século do Horror”. Se lermos a História da Humanidade, verificamos que sempre existiram actos de horror, mas nunca à escala verificada no século passado, com uma tanta concentração de personalidades tenebrosas – que fariam corar Maquiavel – num período de vinte lustros. O Horror serve o Poder a qualquer preço. Perante o Horror, os povos ajoelham-se.

Utilizar o Horror da forma como Che Guevara o fez não é possível para qualquer um de nós, sendo atributo de um predestinado. Em cada geração global, aparece um punhado de pessoas que o consegue fazer. O Horror é uma arte; a capacidade de perpetração do Horror é um dom, uma qualidade inata.

Escreveu Stendhal que “o ideal é um poderoso bálsamo que duplica a força dos homens de génio e mata os fracos”. Este conceito darwiniano de “ideal” aplica-se como uma luva aos ideólogos revolucionários marxistas. Se o Ideal pretende a conquista do Poder, e se o Poder necessita de um Ideal, o Poder sem controlo leva à insanidade de quem põe, à frente de tudo e de todos, a afirmação do seu Ego. Foi o caso de Che Guevara.

Che Guevara não foi um revolucionário, mas antes um livre e kafkaniano executor dos seus instintos. Cruel, sanguinário, despótico, sem escrúpulos, mestre natural na arte do Horror, cumpriu a sua missão revelada pelos astros, de tal forma que Marte na Casa VIII (tal como aconteceu com John Kennedy) prognosticava a morte violenta e precoce que veio a ter.

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