perspectivas

Segunda-feira, 1 Outubro 2007

Duplo critério científico

Recentemente, o pedófilo francês Francis Evrard, de 61 anos, que raptou e violou um miúdo de cinco anos de idade, foi motivo para uma radical tomada de posição pública do Presidente Nicolas Sarkozy. O eminente psiquiatra e académico francês Bernard Cordier, em entrevista ao jornal “Le Monde”, afirmou textualmente:

“Ser sexualmente atraído por crianças é uma anomalia. Não se nasce pedófilo. É uma enormidade dizer que é genético. Trata-se de um bloqueio da relação com outros adultos, sexual ou sentimental.”

Recentemente, nos Estados Unidos, um homem casado e com filhos começou a ter comportamentos pedófilos. Detectaram-lhe um pequeno cancro benigno no cérebro, e o homem foi operado. Retirado o cancro, o comportamento pedófilo desapareceu.

Se se fizer uma lista dos psiquiatras mais notáveis a nível mundial, e lhes perguntarem se corroboram a opinião de Bernard Cordier, estou certo de que 99% deles (senão a totalidade) estarão de acordo com Bernard Cordier, pelas simples razão de que Cordier tem razão. Não se nasce pedófilo. O “bloqueio da relação com outros adultos, sexual ou sentimental” constrói-se durante toda a formação da personalidade, desde a infância, passando pela adolescência, até à fase adulta. Trata-se de um processo psicossomático (evolução psicológica e biológica) que tem lugar essencialmente fora do ventre da mãe.
Se habituarmos uma criança, desde os três anos, a tocar piano, a criança desenvolve uma apetência especial para a música, desenvolvendo no seu cérebro, de uma forma especial, as zonas específicas que “tratam” a sensibilidade musical. Se habituarmos, desde tenra idade, uma criança a rezar diariamente, ela desenvolve no seu cérebro uma apetência especial para a oração e para a introspecção espiritual. Se um rapaz for sistematicamente sexualmente abusado por um adulto, a probabilidade de vir a fazer o mesmo quando chegado a adulto é muito elevada. Até aqui, estamos todos de acordo.

Mas se perguntarem a esses mesmos psiquiatras se uma pessoa nasce homossexual, aqui a unanimidade não existe, e provavelmente a discrepância de opinião rondará os 50/50.

Naturalmente que ser pedófilo, não é o mesmo que ser homossexual; don’t get me wrong! 🙂 O que pretendo dar ênfase aqui é à diferença de critérios na avaliação científica. Os nossos cientistas da área da psiquiatria são influenciados pela Lei (que muda, a cada passo, muitas das vezes em função da opinião de correntes “científicas” manipuladas pela política) na formulação dos seus juízos científicos. Para os nossos psiquiatras, neste momento, a “coisa” é mais ou menos assim:

A pedofilia é uma anomalia, e não uma orientação sexual; logo, não pode ser genética, mas fruto de uma evolução psicossomática. Trata-se de um bloqueio da relação com outros adultos, sexual ou sentimental Não se nasce pedófilo.
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A homossexualidade não é uma anomalia, mas uma orientação sexual; logo, existe a probabilidade de ter origem genética, porque não se trata de um bloqueio da relação com adultos do sexo oposto, sexual ou sentimental É provável que exista um “gene gay” que ainda não foi descoberto.

Estão a “topar” o “esquema” politicamente correcto que influencia a ciência? Estão a ver como a ciência pode ter um duplo critério perante realidades semelhantes? Estão a ver o perigo que constitui um tipo de raciocínio como este?

3 comentários »

  1. Claro, se nos incutirem a ideia de que é genético, consegue-nos impingir a ideia de que é “natural”.

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    Comentar por Fenéco — Terça-feira, 2 Outubro 2007 @ 1:04 am | Responder

  2. A diferença entre a pedofilia e o homossexualismo é que o homossexual não cometera nenhum crime por ter uma satisfação sexual

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    Comentar por Célio — Quarta-feira, 11 Agosto 2010 @ 10:26 pm | Responder

    • Célio: as leis mudam-se. O que vc considera um crime hoje pode não ser amanhã.

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      Comentar por O. Braga — Quarta-feira, 11 Agosto 2010 @ 10:30 pm | Responder


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