perspectivas

Quarta-feira, 18 Julho 2007

As Sociedades Secretas (1)

Filed under: Maçonaria,Política,Sociedade — O. Braga @ 11:59 am

A maçonaria e a Opus Dei

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O que escrevo nesta série de posts sobre as “sociedades secretas” deve ser encarado com tendo sido escrito com ligeireza e algum humor, porque se levarem a sério o que escrevo, deixarão provavelmente a leitura a meio, por mais lógico que o texto vos possa parecer. Não quero dizer com isto que irão acreditar nele se não o levarem a sério, mas pelo menos, divertindo-se com a leitura, ficaremos todos a ganhar – porque o negócio inteligente é sempre aquele com o qual todos ganham.

Depois deste intróito, faço-vos uma pergunta: o que existe em comum entre Mário Soares e G.W.Bush Sénior?

Sabemos que o primeiro é um homem da esquerda republicana que meteu o marxismo na gaveta, e o outro é um capitalista inescrupulosamente inveterado; um condenou publicamente a intervenção americana no Iraque, e o outro, não só fez a primeira guerra contra este país, como apoiou claramente o presidente seu filho na ocupação da antiga terra dos sumérios.
Portanto, não será a política que os liga, certamente, ou sendo, não parece. O que liga os dois políticos é a maçonaria: ambos fazem parte dos quadros dessa “sociedade secreta”, que na minha opinião, é sinónimo de “associação de malfeitores” – porque na minha terra, quem se esconde são os ladrões. Naturalmente que, como obedientes “pedreiros”, ambos poderão negar que pertencem à maçonaria; mas como fazem os membros menores desta organização, também negam que não lhe pertencem. No caso de Mário Soares, poderá ter sido a maçonaria condescendente ao ponto de lhe dar o cartão de militante, perante tanta insistência do político; por Lúcifer! Afinal, acabou o político por se servir da maçonaria e vice-versa…nada como um bom negócio.

E perguntar-nos-emos: e porque será que dois membros da “cosa nostra” herética mantêm opiniões políticas tão díspares? Em primeiro lugar, porque quem manda é a Alta Maçonaria e não os soldados-rasos; em segundo lugar, porque o que conta é a doutrina que mantém a coesão da sociedade secreta através de dois mil anos da História da Europa. E dessa doutrina faz parte um dos factores maçónicos de ligação entre os dois homens, consubstancial à doutrina: a defesa da queda da Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) – o português é ateu e o americano seguiu os protestos de Lutero. E se existem (por Ísis, se eles existem!) católicos na estrutura maçónica menor, – e seguindo o raciocínio de Cipolla – ou são bandidos (tratando-se de políticos católicos), ou são ingénuos (tratando-se de laicos), ou são estúpidos (tratando-se de clérigos). E aqui, não há lugar para inteligentes.

Sabemos que a ICAR tem sido, ao longo dos séculos, sinónimo de Poder; sabemos que os pedreiros anseiam a manipulação do Poder; por isso não será difícil compreender a guerra à Igreja de Roma. Mas será o Poder da ICAR o mesmo de há um século? Aparentemente, já não é tão grande. Se não é, porque se mantém a mesma sanha maçónica em relação ao Vaticano? Pois, é. Pensemos, porque o acto de pensar constitui um perigo para os poderosos, os que conspiram na sombra o nosso destino; a lobotomia das frases feitas, dos slogans e das ideias “pronto-a-vestir” faz com que a maioria sibarita de hoje não se distinga, na sua substância, da maioria dos súbditos de Nabucodonosor (não confundir com “nabo no cu do sôr”; maçónico, mas nem tanto) de há 4 mil anos.

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A Igreja Católica, nos anos oitenta e através do Papa João Paulo II, por influência directa do cardeal Ratzinger, reconheceu a Opus Dei como uma organização católica fundamental. Fundada pelo padre Escrivá em 1928, a Opus Dei terá mais de 100.000 membros em 70 países. Em Portugal, existem nomes conhecidos ligados à Opus Dei, entre os quais os de Mota Amaral (provavelmente, um Membro Associado), e os dos banqueiros Teixeira da Cruz e Jardim Gonçalves (Cooperadores).
Só nos Estados Unidos, a Opus Dei tem mais de 3.000 “numerários” (os “numerários” são membros da Opus Dei sujeitos a um regime de internato) vivendo em mais de 60 residências espalhadas pelo país. As residências da Opus Dei não são seminários religiosos, embora também tratem da sementeira; os “numerários” são leigos celibatários que se dedicam à causa, vivem nas residências da Opus Dei em total segregação de sexos, e doando os rendimentos do seu trabalho – em parte ou na totalidade – à organização. Como Escrivá deu exemplo vastamente documentado, a mortificação corporal masoquista é amplamente praticada pelos “numerários” da Opus Dei.
A maioria dos Membros Associados e Cooperadores da Opus Dei fazem questão de se manter no anonimato, e por isso, tal como a Maçonaria, podemos dizer que a Opus Dei é também uma Sociedade Secreta. Ambas as organizações funcionam segundo o princípio do icebergue: existe uma pequena parte visível, e uma grande parte submersa, invisível; mas se não simpatizo grande coisa com a Opus Dei, sinto um grande desprezo pela maçonaria contemporânea (a chamada “Maçonaria Especulativa”).

A Igreja Católica e a maçonaria cruzaram os seus interesses ao longo da História, por várias ocasiões, embora sempre desavindas. É sabido que existem membros da maçonaria especulativa no seio da hierarquia católica, e ao mais alto nível; e é sabido que a elevação da Opus Dei, pelo então cardeal Ratzinger, ao estatuto de “prelatura pessoal” do Papa, está em tudo relacionada com a crescente influência da maçonaria na estrutura hierárquica da Igreja Católica. A ICAR repete-se nos seus erros: no século 12, elevou a Ordem dos Templários ao estatuto de “prelatura pessoal” do Papa, com independência financeira, autonomia na elaboração de estatutos heterodoxos – e foi o que se viu.

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Ao contrário da Maçonaria Tradicional europeia – e das suas Sociedades Secretas Gnósticas – que essencialmente se constituiu na Europa como um contra-poder em relação à Igreja Católica medieval, e tinha uma doutrina, uma crença e uma moral, a maçonaria contemporânea é uma amálgama de gente com as mais díspares convicções e ideários que acaba por servir exclusivamente os interesses comezinhos e materiais dos seus membros. A Maçonaria Especulativa é um “polvo mafioso” amoral que actua na clandestinidade. A maioria das pessoas não se dá conta, sequer, de que ela existe; porém, a esmagadora maioria das decisões políticas que marcam o mundo têm a chancela, a censura e a aprovação da maçonaria internacional.

1 Comentário »

  1. Olá. Gostei de ler o texto e acho que as pessoas deviam ser informadas acerca da realidade mundial. Estamos a ser “controlados” por esas pessoas “poderosas” que fazem parte das sociedades secretas. Exitem mais do que as referidas por si (bilderberg, Skull&bones, Illuminati, etc). Gostaria de referir que eu tenho um video onde se vêm o senhor Pinto Balsemão, o senhor Augosto Santos Silva em toronto, onde foi realizada uma reunião dos bilderberg.Mas coisas destas não são referidas na televisão, nem no parlamento. Evitando assim que a verdade chegue ás “massas”.
    Gostaria de o felicitar pelo texto e também de apelar ás pessoas que acordem e comecem a interessar-se por estas questões, pois um dia será tarde e eles conseguirão impor a já tão falada ” New world order”!!!!

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    Comentar por iL_comandadoR — Segunda-feira, 18 Fevereiro 2008 @ 5:08 pm | Responder


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